Governo paulista estuda tirar empresas envolvidas na Lava Jato de obra do metrô
O governo de São Paulo estuda tirar a construção da Linha 6 – Laranja do Metrô da responsabilidade de empreiteiras envolvidas na Operação Laja Jato. As obras do ramal que deverá ligar a zona norte da capital paulista, começando em Brasilândia, até a região central, chegando na Liberdade, estão atrasadas. Originalmente, a previsão para a conclusão do projeto, iniciado no ano passado era 2020, prazo revisto para pelo menos 2021.
“Estamos vendo se a obra pode ser vendida. Se o consórcio pode ser vendido. Outras soluções para que a gente possa retomar essa obra importante”, disse o secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni.
Os problemas começaram, segundo o governo estadual, pelo atraso na liberação do financiamento da Caixa Econômica Federal para fazer as desapropriações. Essa etapa está, agora, 90% concluída, de acordo com o secretário. Porém, as empreiteiras que fazem parte da Parceria Público Privada (PPP) não estão conseguindo financiamento devido às acusações de envolvimento nos casos de corrupção investigados pela Lava Jato.
“Temos a crise da Lava Jato”, ressaltou Pelissioni ao enumerar os problemas que dificultam a conclusão das obras durante seminário sobre mobilidade urbana promovido pela revista Carta Capital. “Temos uma PPP muito inteligente que é a Linha 6 do Metrô, a linha das universidades, vai da zona norte até São Joaquim, passando por mais de dez universidades. Infelizmente, as empresas não estão conseguindo financiamento do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] por questões reputacionais, como diz o BNDES.”
Participam do consórcio Move São Paulo a Odebrecht, com 19,6% do controle acionário; a Queiroz Galvão, com também 19,6%; e a UTC, com 13,1%. O Fundo de Investimentos e Participações Eco Realty têm 47,7% da concessionária responsável pelas obras.
Linha Amarela
Sobre a Linha 4 – Amarela, que também está com a entrega atrasada em quatro estações, Pelissioni disse que parte das obras pendentes deve ser concluída no fim do ano que vem. “Temos um cronograma de até dezembro de 2017 entregar [as estações] Mackenzie-Higienópolis e Oscar Freire, que estão aqui na região central. Morumbi, em 2018, e Vila Sônia, em 2019”, disse.
Em julho de 2015, o governo de São Paulo rompeu o contrato com o consórcio Isolux Corsan-Corviam por não cumprir os prazos estabelecidos nos temos assinados em 2012 e por abandonar as obras. Após nova licitação, foi firmado um novo contrato com o consórcio formado pelas empresas Tiisa – Infraestrutura e Investimentos S/A e Comsa S/A.
“Contratamos em julho deste ano um novo consórcio e em agosto as obras foram retomadas. Temos a informação de que há cerca de 400 funcionários trabalhando lá”, acrescentou Pelissioni sobre o ritmo dos trabalhos.
Tarifa
O prefeito eleito de São Paulo, João Doria, prometeu manter ao longo do próximo ano as tarifas do ônibus urbano da capital em R$ 3,8. O secretário estadual de Transportes evitou dizer se o mesmo será feito com as passagens do metrô e dos trens metropolitanos, atualmente com o mesmo valor. “Nós costumamos avaliar a questão da tarifa em janeiro. Então, até lá, pretendemos analisar muito bem a questão. Essa questão da tarifa, alguém paga: ou usuário paga, ou o contribuinte paga”, disse.
Outro lado
A Move São Paulo informou que cumpriu todas as obrigações previstas no contrato de concessão da Linha 6 e que a implantação da obra já avançou em 15%. A suspensão das atividades, segundo a empresa, se deveu a fatores alheios ao domínio da concessionária, como a deterioração da economia, os atrasos na liberação de áreas públicas por parte do poder concedente e mudanças nas exigências do BNDES. “Trabalhamos para retomada do projeto, tão logo seja obtido o financiamento de longo prazo e aprovado o reequilíbrio do contrato de concessão”, disse o grupo, em nota.
Texto ampliado às 18h11 para acréscimo da resposta da Move São Paulo