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No dia de finados, Orquestra Maré do Amanhã leva música a cemitério do Rio

Cristina Índio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 02/11/2016 - 18:36
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro - Orquestra Maré do Amanhã formada por 30 jovens das comunidades do Complexo da Maré se apresenta no dia de finados, no Cemitério da Penitência (Tomaz Silva/Agência Brasil)
© Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro - Orquestra Maré do Amanhã, formada por 30 jovens das comunidades do Complexo da Maré, se apresenta no dia dos finados no Cemitério da Penitência (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Rio de Janeiro - Orquestra Maré do Amanhã, formada por 30 jovens das comunidades do Complexo da Maré, se apresenta no dia dos finados no Cemitério da Penitência (Tomaz Silva/Agência Brasil)Tomaz Silva/Agência Brasil

Cemitério também é lugar de música e de luta pela vida. Foi assim que o Cemitério da Ordem Terceira da Penitência, no Caju, região portuária do Rio de Janeiro, fez hoje (2), dia de finados, uma programação para envolver os visitantes na hora de homenagear parentes e amigos mortos.

A Orquestra Maré do Amanhã, formada por 30 jovens da comunidade da Maré, se apresentou com a regência do maestro Filipe Kochem. Os jovens músicos de idades entre 15 e 18 anos interpretaram clássicos como Pequena Serenata Noturna, de Mozart, e Ave Maria, de Gounod, além de canções de Roberto Carlos.

Filipe Kochem disse, que, inicialmente, se formou em violino e violoncelo e passou 20 anos executando música. Agora, depois que se tornou maestro, é uma fase diferente em uma situação de tentar comandar os músicos. “Na verdade, a gente faz música junto com os músicos”, revelou.

O projeto da Orquestra Maré do Amanhã foi idealizado pelo diretor e fundador da orquestra, Carlos Prazeres. “O pai dele era maestro da orquestra Petrobras Sinfônica e foi morto. O carro dele foi achado na Maré, então, o diretor da orquestra teve a ideia de trabalhar em uma comunidade onde, provavelmente, morava o assassino do pai, querendo mudar a cabeça das pessoas”, contou Filipe.

O maestro afirmou que, quando a orquestra começou em 2010, tinha apenas 20 alunos, dois professores, ele e o irmão que dava aula de instrumentos de sopro e um maestro. Hoje, já são mais de 2 mil alunos. “O projeto foi crescendo com outros patrocinadores. A gente começou com 20 e hoje está com 2.200 crianças na Maré desde 4 anos até 18 anos”, informou.

Para Filipe Kochem, o objetivo do projeto é profissionalizar os alunos e pelos resultados parece que isto está sendo alcançado. “A gente quer perder muitos alunos para faculdade, perder para as orquestras profissionais. Três alunos nossos este fim de semana vão fazer o Enem e vão fazer a prova específica que é o T.H.E., a prova para faculdade de música. Eles têm que tocar o instrumento. A gente já está na torcida porque vai ser o nosso primeiro fruto profissional”, completou.

Luta pela vida

Quem foi hoje ao Cemitério da Penitência também pôde aderir à campanha Quantas Vidas Você Pode Salvar?, criada pelo Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil. O administrador do cemitério disse que a ideia era conscientizar os visitantes sobre a importância da doação de órgãos, um gesto simples que pode salvar vidas. Na entrada, havia um painel com fitas verdes, em que se podia ler a mensagem Ajude a compartilhar esperança, seja um doador de órgãos.

“A gente começou a fazer isso na segunda-feira e a aceitação foi enorme. As pessoas acabam pegando a pulseirinha. Compartilhe a vida, seja um doador. Nos surpreendeu a iniciativa das pessoas nos procurar, antes, [do Dia de Finados] para saber como poderiam participar”, disse.