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Tetracampeão quer direitos iguais para atletas convencionais e paradesportivos

Vinicius Lisboa - Enviado especial*
Publicado em 06/11/2016 - 11:18
Cuiabá
Fernando Fernandes e Allan do Carmo treinam com atletas indígenas (Roberto Castro/ME)
© Roberto Castro/ME
Fernando Fernandes e Allan do Carmo treinam com atletas indígenas (Roberto Castro/ME)

O tetracampeão mundial de canoagem paralímpica Fernando FernandesRoberto Castro/ME

"Não tem nada externo que te ajude se você não estiver disposto a se ajudar", disse o tetracampeão mundial de canoagem paralímpica Fernando Fernandes, em conversa com competidores da 64ª edição dos Jogos Universitários Brasileiros, em Cuiabá.

O atleta cadeirante é um dos padrinhos do evento e fez questão de defender que o paradesporto nas bases é uma questão de inclusão social, mas, no nível paralímpico, é uma competição de alto rendimento. Os jogos começaram na quinta-feira (3) e vão até o dia 12. 

"A gente não está falando de inclusão social em uma paralimpíada, a gente está falando de exclusão, de selecionar o melhor, e de alto rendimento", disse o atleta, que apontou a necessidade de dar oportunidades iguais a atletas convencionais e paradesportivos. "A inclusão é na base, na escola, dando oportunidade para estudar e praticar. É dar o mesmos direitos e aplicar os mesmos recursos, o que é um processo." 

As perguntas dos competidores a Fernandes abordaram principalmente sua volta por cima após o acidente que o deixou paraplégico. O atleta contou que quando ainda estava internado, tentava trabalhar os braços da forma que podia, para preservar seu condicionamento físico.

"Coloquei na minha vida um plano A, que era voltar a andar, e um plano B, que era me adaptar para o mundo", disse. "É importante a gente aproveitar o esporte não só como alto rendimento, mas como ferramenta de conquistar espaço na sociedade." 

Paradesporto universitário 

Fernando Fernandes acompanhou competições paradesportivas de natação nos Jogos Universitários Brasileiros nesse sábado (5). O ano passado foi o primeiro em que os JUBs incluíram competições do paradesporto e Fernando elogiou a iniciativa.

"É uma grande oportunidade das pessoas com deficiência acessarem uma universidade, conquistarem estudo e conhecimento. Aproveitaremos esse momento", disse. O campeão deixou uma mensagem aos atletas universitários que participam da competição. "O caminho é duro, mas é simples também. Se você não criar tantas barreiras ele é bem mais possível do que a gente imagina." 

O secretário estadual de promoção dos direitos da pessoa com deficiência, Marcione Mendes de Pinho, participou da conversa com os atletas e disse que a inclusão de pessoas com deficiência no JUBs é um passo a mais na conquista de direitos.

"Nós somos pessoas diferentes, com características diferentes, mas temos os nossos deveres e os nossos direitos. O esporte é uma porta de entrada para a real inclusão, quando não se reconhece a sua deficiência, mas a sua potencialidade." 

*O repórter viajou a convite da organização dos Jogos Universitários Brasileiros