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Após proibição inicial, pessoas puderam se despedir de dom Paulo Evaristo Arns

O velório de dom Paulo se estenderá até aproximadamente às 15h de
Camila Boehm – repórter da Agência Brasil
Publicado em 15/12/2016 - 00:02
São Paulo
São Paulo - Lideranças na defesa dos direitos humanos homenageam os 95 anos de Dom Paulo Evaristo Arns em evento na Pontifícia Universidade Católica (PUC) (Rovena Rosa/Agência Brasil)
© Rovena Rosa/Agência Brasil

Após a primeira missa do velório de dom Paulo Evaristo Arns, que durou das 20h20 até as 21h30, pessoas próximas, além de autoridades como o governador Geraldo Alckimin, puderam se aproximar do arcebispo para se despedir e prestar uma última homenagem na Catedral Metropolitana de São Paulo, na Sé, região central da cidade. No entanto, uma fila de pessoas que acompanhavam, desde o início, a cerimônia foi impedida inicialmente de se aproximar do arcebispo.

A equipe de apoio alegava que, logo em seguida, uma nova missa teria início e uma faixa, que cercava as proximidades do caixão, impedia a aproximação das pessoas ao corpo de dom Paulo. O autor da biografia de dom Paulo, Ricardo Carvalho, então interveio e, após os presentes manifestarem sua indignação e insistirem em se aproximar, o acesso ao caixão foi liberado.

São Paulo - Lideranças na defesa dos direitos humanos homenageam os 95 anos de Dom Paulo Evaristo Arns em evento na Pontifícia Universidade Católica (PUC) (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Biógrafo Ricardo Carvalho diz que trabalho que dom Paulo fez na periferia é incomensurável Arquivo/Rovena Rosa/Agência Brasil

“Eu conheço dom Paulo, todo mundo que está aqui conhece dom Paulo. De repente, o povo, que é a razão de ser de dom Paulo, não podia ver dom Paulo. Não pode isso. Você vê aqui, tem a classe media – que somos nós –, mas nós não somos o povo eleito por dom Paulo. É o pobre, é o negro, o desamparado, esse é o povo eleito por dom Paulo, que não estavam querendo que tocassem em dom Paulo”, disse Carvalho.

O biógrafo destacou a importância de dom Paulo na periferia de São Paulo e disse que somente na zona leste, região de Ermelino Matarazzo, permanece a obra do arcebispo. “Ele defendeu os presos políticos, ele foi contra a tortura, mas o trabalho que ele fez na periferia é incomensurável”, disse. “Imagine ele vender o palácio episcopal por US$ 5 bilhões e comprar 1.200 terrenos, onde ele construiu as comunidades eclesiais de base. De repente, essa cidade começou a fervilhar 'quero creche, quero hospital', de onde veio esse povo? Veio da esperança que dom Paulo plantou nessas comunidades”.

No entanto, segundo Carvalho, a obra de dom Paulo não se manteve no restante da cidade. “O conservadorismo dessa igreja de São Paulo tomou conta do resto infelizmente. Esses bispos e cardeais conservadores de São Paulo acabaram com a obra de dom Paulo, a obra caridosa”, disse.

Homenagens

O governador Geraldo Alckimin compareceu à primeira missa do velório e comentou sobre o legado de dom Paulo durante a reabertura democrática no país. “Dom Paulo teve um papel importante, dedicou sua vida à evangelização e um papel importante na redemocratização do Brasil, denunciando abusos e violências que eram cometidas e depois conclamando a população para que trouxesse a sua efetiva participação”, disse.

Estiveram presentes também na cerimônia Clarice e Ivo Herzog, esposa e filho de Vladimir Herzog; um dos membros da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro; Marcos da Costa, presidente da OAB-SP; o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves; Ariel de Castro Alves, coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos; entre outros.

O velório de dom Paulo se estenderá até aproximadamente às 15h de sexta-feira (16), quando seu corpo será sepultado na cripta da catedral. Durante o período do funeral, serão feitas missas a cada duas horas.