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Objetos doados aos atingidos por tragédia em Mariana serão leiloados

O dinheiro arrecadado será destinado aos atingidos que definirão, em
Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil
Publicado em 21/12/2016 - 11:34
Belo Horizonte
Camisa doada pelo ex-jogador Zico
© Divulgação/ Ministério Público de Minas Gerais
Camisa doada pelo ex-jogador Zico

O ex-jogador de futebol Zico doou um agasalho e um uniforme da seleção brasileira de 1982, ambos autografados Divulgação/ Ministério Público de Minas Gerais

Objetos doados por artistas e personalidades às famílias de Mariana (MG) atingidas pelo rompimento da Barragem de Fundão irão hoje (21) a leilão. O leilão está marcado para as 19h, no centro de convenções da cidade. O dinheiro arrecadado será destinado às famílias afetadas pela tragédia que, posteriormente, definirão, em assembleia, a forma como ele será empregado.

A Barragem de Fundão, pertencente à mineradora Samarco, rompeu-se no dia 5 de novembro de 2015. O episódio é considerado a maior tragédia ambiental do país. Foram liberados mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos que provocaram devastação da vegetação nativa, poluição da Bacia do Rio Doce e destruição dos distritos de Bento Rodrigues e de Paracatu, além de outras comunidades.

Em solidariedade, artistas e personalidades enviaram aos atingidos diversos artigos. O ex-jogador de futebol Zico doou um agasalho e um uniforme da seleção brasileira de 1982, ambos autografados. O apresentador de televisão Fausto Silva enviou um relógio e uma caneta. Por sua vez, a apresentadora Ana Maria Braga ofereceu um livro de receitas, uma cafeteira, uma faca e dois esmaltes. Entre os objetos doados, há ainda dois aventais usados durante o programa de TV Master Chef e CDs autografados pelos cantores Lô Borges, Fernanda Takai e Lucas Lucco.

Cada objeto tem um preço mínimo fixado. A Agência Brasil apurou, por exemplo, que o menor lance para a camisa da seleção brasileira de 1982 será de R$ 800. O leiloeiro terá direito a 5% do valor arrecadado.

Histórico

O leilão dos objetos havia sido prometido pela prefeitura de Mariana na época da tragédia. Passados seis meses sem que nenhuma iniciativa tivesse sido tomada, o governo municipal começou a ser questionado pela imprensa sobre o engavetamento dos artigos recebidos.

"Foi aí que a prefeitura entregou as doações diretamente à comissão dos atingidos, que não tinham condições de cuidar dos objetos. São pessoas que estão em uma condição de vulnerabilidade especial, e são objetos caros, que poderiam atrair a atenção de ladrões e criminosos. Então, eles procuraram o Ministério Público de Minas Gerais, na minha figura", disse o promotor Guilherme Meneghin.

O Ministério Público de Minas Gerais inicialmente entrou com uma ação civil pública e obteve uma liminar obrigando a prefeitura a recolher os objetos e garantir sua guarda e conservação. Em uma audiência realizada em agosto, foi celebrado um acordo no qual o município se comprometeu a fazer o leilão e depositar os recursos arrecadados em juízo.

"Estamos buscando assegurar que os recursos beneficiem os atingidos. Isso é um direito não só de quem foi impactado na tragédia, mas também das personalidades que fizeram a doação. Sem dúvida, elas têm um interesse legítimo em que as doações possam de fato ajudar essas pessoas", acrescentou Meneghin.