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Sob protestos, moradores desocupam prédio no centro do Rio de Janeiro

Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 31/01/2017 - 14:41
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro - Reintegração de posse de prédio na Lapa, região central da cidade, ocupado, segundo a defensoria pública, a cerca de um ano por aproximadamente 20 famílias (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
© Tânia Rêgo/Agência Brasil
Rio de Janeiro - Reintegração de posse de prédio na Lapa, região central da cidade, ocupado, segundo a defensoria pública, a cerca de um ano por aproximadamente 20 famílias (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Moradores tiveram que deixar os móveis na calçada em frente ao prédio desocupado Tânia Rêgo/Agência Brasil

Cerca de 20 famílias deixaram hoje (31) um prédio ocupado há um ano, na Lapa, região central da cidade, após uma ordem de despejo. Com a mediação da Defensoria Pública do estado e de autoridades do Poder Público, a Polícia Militar não precisou entrar no edifício, e a desocupação foi feita pelos próprios moradores, em três horas.

Desde as 8h, os moradores começaram a deixar o prédio, descendo colchões, geladeiras e fogões, que foram colocados na calçada, em frente à unidade. As famílias, muitas com crianças pequenas, disseram não ter para onde ir ou onde guardar os poucos bens.

Segundo a Defensoria Pública, quatro andares do edifício de número 38 na Rua Visconde do Rio Branco, vazios há anos, foram ocupados há cerca de um ano. No local, chegaram a morar mais de 40 famílias, que acabaram saindo, ao longo da semana, por causa da ordem de despejo. “São pessoas em situação extremamente precária, sem condições de pagar aluguel nem em favela”, disse a defensora Adriana Bevilaqua, que acompanha o caso.

De acordo com a defensora, como a ocupação do imóvel era recente, conseguir a permanência dos moradores no local era uma solução difícil. A desocupação foi autorizada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

Iolene Maciel, de 38 anos, morava há dois anos no apartamento 408 do prédio, com mais oito pessoas, entre elas um bebê, duas crianças e a mãe – uma senhora idosa que desmaiou em meio à confusão. “Estávamos esperando essa desocupação. Deixei minha filha de 13 anos na casa de minha ex-sogra. Só que para onde eu vou? Não sei o que fazer” desabafou, com o neto no colo, enquanto o filho retirava os últimos bens do imóvel.

Abrigo

A prefeitura ofereceu um abrigo na Ilha do Governador, mas as famílias consideram o local distante do centro, onde a maioria trabalha como camelô.

Durante a desocupação houve um princípio de confusão, com moradores exaltados reclamando do despejo e da polícia, mas a situação foi controlada rapidamente.

O assessor da Secretaria de Estado de Direitos Humanos Waldeck Schwenck disse que foi ao local para garantir os direitos das famílias durante o cumprimento da ordem judicial. “Se a gente quisesse fazer de forma atropelada teria dado tumulto. Nós buscamos fazer as coisas de maneira consensual. As pessoas aqui não estão porque querem”, afirmou Schwenck, um dos mediadores da desocupação.

A Defensoria Pública, que continua monitorando a ação, quer que os objetos dos moradores sejam levados a locais indicados por eles, no serviço de frete disponibilizado pelo dono do imóvel. A expectativa é que até fim do dia os móveis sejam retirados da rua.

*Texto alterado às 14h58 para correção do nome da rua em que o prédio está localizado



Reintegração de posse de prédio na Lapa, no Rio de Janeiro