Serviços de atenção a usuários de drogas fecham após conflito na Cracolândia
Parte dos serviços de atenção social que funcionam na Cracolândia, região central de São Paulo, não abriram hoje (11), entre eles o programa municipal De Braços Abertos, que atua na abordagem aos usuários de drogas na rua. O programa é baseado em redução de danos e integra os beneficiários em frentes de trabalho. A prefeitura informou que a suspensão do serviço visa garantir a integridade física dos funcionários.
A interrupção ocorre após conflito ocorrido ontem (10) no local. O tumulto começou, segundo a Guarda Civil Metropolitana (GCM), quando agentes da corporação atendiam ao chamado de uma ocorrência de roubo na área. A Polícia Militar foi acionada e reforçou a ação. Foram usadas balas de borracha e bombas de gás contra os usuários de drogas da região.
Os moradores e frequentadores da Cracolândia reagiram à entrada da polícia com pedras e fizeram barricadas, ateando fogo em objetos. Os policiais chegaram a derrubar barracas que estavam montadas no local. Durante a tarde, lojas do entorno fecharam as portas e algumas foram saqueadas. Duas pessoas foram presas e encaminhadas ao 77º Distrito Policial.
Hoje as marcas dos distúrbios ainda eram visíveis na região, com carros depenados e muito lixo queimado. “Está parecendo cena de guerrilha, igual àqueles filmes que a gente vê na TV, só destruição”, disse o morador da região Rodney Pereira.
Segundo assessor de comunicação da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Major Antunes, as autoridades estão trabalhando juntas para resolver o problema da área tomada por usuários e traficantes de drogas. “Está sendo feito uma ação em conjunto com a prefeitura e o governo estadual para que dê uma solução a este problema dentro em breve.”
Direitos Humanos
O coletivo A Craco Resiste, movimento contra a violência policial na Cracolândia, vai iniciar uma vigilância diária no local para tentar amenizar ações de violência aos usuários de drogas da área. “Vamos tentar diminuir o máximo possível os danos de uma provável ação. A intenção é tentar amenizar qualquer dano a essas pessoas”, disse o representante do coletivo, Raphael Escobar.
De acordo com Escobar, a vigilância diária no local terá diversos parceiros, entre eles meios de comunicação, advogados, defensoria pública, sociedade civil e coletivos de defesa dos diretos humanos.
Procurada sobre a prisão das duas pessoas na 77º Distrito Policial, a Secretaria de Segurança Pública não se manifestou.
*Colaborou Eliane Gonçalves, da Rádio Nacional