Orquestra de músicos refugiados se apresenta em São Paulo

Apresentação da Orquestra Mundana Refugi em comemoração ao Dia Mundial dos Refugiados, no Largo de São Bento
Músicos da Palestina, Irã, França, Síria e do Brasil se reuniram hoje (20) – no Dia Internacional dos Refugiados – para homenagear pessoas de todo o mundo que são obrigadas a cruzar, sem retorno, as fronteiras de seus países. A Orquestra Mundana Refugi se apresentou no início desta manhã no Largo São Bento, centro da cidade, conduzida pelo maestro Carlinhos Antunes, misturando ritmos diversos.
“Compor e arranjar com diversidade cultural é uma prática que me torna mais vivo”, disse o maestro Antunes, que conduziu no palco os 14 músicos da orquestra. A ideia de uma orquestra com músicos de nacionalidades diferentes surgiu quando Antunes morou na Europa e no Marrocos. “Observei a prática entre os músicos que tocavam juntos e, quando voltei para São Paulo, criei um projeto com enfoque na cultura dos refugiados.”

Músicas árabes, colombianas, venezuelanas e brasileiras foram parte do reperetório
A cantora Oula Alsaghir veio da Síria há dois anos com o marido, os dois filhos, os irmãos e a mãe palestina. Ela contou que, apesar das dificuldades de adaptação, a família precisava de paz e não aguentava mais a guerra civil naquele país, iniciada há seis anos.
“Eu só cantava música árabe, mas agora, com esse projeto, posso aprender a cultura brasileira, e essa mistura de vários músicos é completa”. Formada em Administração de Empresas, Oula disse, emocionada, que saiu de seu país para construir uma nova vida e agora quer cantar profissionalmente. “Antes, só cantava com a família, ou em pequenos eventos. Agora, aqui no Brasil, cantar tornou-se a minha profissão”.
Com um repertório de músicas árabes, colombianas, venezuelanas, mexicanas e brasileiras, a Orquestra Mundana Refugi atraiu o público que passava no local. O motorista Vicente Costa, parou para ouvir. “A música não tem diferença racial e de religião, o mundo seria bem melhor se fosse assim, todos reunidos em torno da música”, disse.
A dona de casa Daniele Magalhães também parou para ouvir a orquestra, porque a filha de três anos adora música. “É muito interessante, porque acabamos conhecendo a música deles e, além de tudo, é gratuita, para que todos vejam”.
A professora Giovanina Araújo, que também acompanhou o show, ressaltou a importância do acolhimento. “É importante que os refugiados sejam bem recebidos aqui no país. O projeto é uma chance para os imigrantes, é mais um apoio para eles”, destacou.
O projeto Refugi é desenvolvido pelo Serviço Social do Comércio (SESC) São Paulo com oficinas, apresentações musicais e bate-papos destinados a refugiados e imigrantes. O objetivo é contribuir para a diminuição das barreiras do preconceito e gerar conhecimento, além de promover trocas de experiência e inserção social.
“O projeto veio dentro dessa temática, trazendo a música como forma de aproximar as culturas, de sensibilizar e de falar do refúgio com a linguagem da música”, afirmou a assistente técnica do SESC, Denise Orlandi Collus.
A Orquestra Mundana Refugi se apresentou hoje pela segunda vez. O próximo show vai ocorrer no dia 28 de julho, sexta-feira, às 13h na Praça da Liberdade.
As oficinas estão com inscrições abertas no SESC Consolação e são gratuitas. Mais informações no site do Sesc.

