Armamento que chega ao Rio vem principalmente das Farc e da Venezuela, diz Pezão
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, disse hoje (28) que as armas de fogo que chegam no estado são provenientes principalmente de grupos guerrilheiros, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
“Temos um mapa de todas as ocorrências na região metropolitana do Rio da chegada desse armamento. Vêm principalmente das Farc e da Venezuela. Vemos também uma presença forte do crime organizado dentro do Paraguai. Armamentos também estão vindo dos Estados Unidos, como vimos com a apreensão de fuzis no aeroporto”, disse Pezão.
A declaração foi feita durante o lançamento do plano Carga Segura, com a presença dos ministros da Defesa, Raul Jungmann, e da Justiça, Torquato Jardim, para o enfrentamento ao roubo de cargas no estado.
Torquato Jardim citou acordos firmados entre Brasil e Estados Unidos para repasse de tecnologia e reforço no combate a crimes transnacionais, com foco na repressão ao tráfico de drogas, de armas e de pessoas, além de repressão aos crimes financeiros, como lavagem de dinheiro.
O primeiro acerto com o governo norte-americano envolve a transferência da expertise para o governo brasileiro na identificação e rastreamento de armas roubadas, por meio do programa chamado E-Trace. A parceria permitirá investigar quem são os fornecedores de armamento e quais são as rotas do crime de tráfico internacional.
O presidente Michel Temer assinou hoje (28) decreto que autoriza o emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem no Rio de Janeiro.
Roubo de cargas
O governador também anunciou o lançamento do plano Carga Segura, para o enfrentamento ao roubo de cargas, elaborado pela Secretaria de Segurança. O plano, que inicialmente deverá se estender até o final de 2018, inclui um conjunto de ações envolvendo o estado com reforço e participação da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, além da integração com os ministérios da Justiça e da Defesa e do setor privado.
"Vamos enfrentar energicamente essa modalidade de crime. Estamos fazendo um grande trabalho de integração, que poderá ser visto e será intensificado a partir de hoje. Essa parceria não só vai combater o roubo de cargas, mas também a entrada de fuzis e de drogas no Rio de Janeiro. Tenho certeza de que o Estado fica mais fortalecido”, afirmou.
As tropas federais já estão nas ruas patrulhando pontos importantes da região metropolitana do Rio, como na orla da Praia de Copacabana, no Arco Metropolitano, na Linha Vermelha, e na Rodovia Rio-Juiz de Fora. Homens do Exército realizam operações de revista, visando principalmente coibir o roubo de cargas nas estradas federais de acesso ao Rio de Janeiro.
Apoio da Firjan
Após visita nesta manhã dos ministros da Defesa, Raul Jungmann, e da Justiça, Torquato Jardim, à sede do Sistema da Federação de Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no centro da capital fluminense, a entidade declarou apoio à decisão do governo federal de utilizar as Forças Armadas nas ações do Plano Nacional de Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro.
“Diante do avanço da criminalidade em nosso estado, as iniciativas de combate ao crime não podem se limitar ao governo estadual”, declarou a entidade em nota.
A federação apresentou propostas e dados, entre eles o de roubos de cargas, que tem registrado crescimento paulatino nos últimos meses. Segundo registro divulgado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), foram registrados 1.037 crimes deste tipo em maio, 49% a mais do que no mesmo período do ano passado. De acordo com a Federação do Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro (Fetranscarga), no ano passado os prejuízos com os roubos de carga chegaram a cerca de R$ 1 bilhão, e poderão aumentar cerca de 30% em 2017.
Jardim e Jungmann também estiveram com Don Orani Tempesta em um almoço para pedir apoio da Arquidiocese do Rio de Janeiro no combate à violência no estado. Para Jungman, a participação da igreja nas ações voltadas para a segurança é fundamental. “Viemos aqui explicar o que queremos e o que estamos fazendo e dialogar, ouvir e pedir contribuições. É muito importante a participação da sociedade e viemos reforçar isso. A Igreja Católica tem uma autoridade espiritual e conhecimento na busca da paz que é imprescindível para todos nós”, disse.