Nasce primeiro filhote de bugio reintroduzido no Parque Nacional da Tijuca
O Parque Nacional da Tijuca está em festa. Nasceu o primeiro filhote de bugio [um dos maiores primatas tropicais do continente americano] reintroduzido na floresta a partir de 2015. A mãe é Kala (nome dado pela equipe do projeto) e o bebê bugio, pertencente à espécie 'Alouatta guariba clamitans', terá o nome escolhido por meio de concurso, com data ainda a ser anunciada. No total, seis bugios foram soltos no local, dos quais dois tiveram que ser recolhidos ao Centro de Primatologia do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), porque tinham interações constantes com os visitantes.
A informação foi dada hoje (15) à Agência Brasil pelo chefe do Parque Nacional da Tijuca, biólogo Ernesto Viveiros de Castro. Ele disse que o nascimento do primata “é um primeiro passo de um trabalho de longo prazo, mas é um excelente sinal de que os animais que a gente está reintroduzindo estão saudáveis e estão procurando se estabelecer na floresta, depois de mais de 100 anos sem essa espécie aqui. É muito animador para o projeto que a gente está desenvolvendo”.
O Projeto ReFauna Tijuca foi criado em 2010 com o intuito de restabelecer as interações ecológicas em florestas bastante devastadas pela colonização. Naquele ano, teve início a soltura de cutias, com 31 animais. Viveiros de Castro informou que o parque já está na quarta geração de cutias nascidas na floresta que, somam hoje, população de 40 animais já estabelecidos.
O ReFauna Tijuca está integrado ao Projeto ReFauna Rio, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), parceira do parque, cujos alunos monitoram semanalmente Kala e seu filhote.
Outras espécies serão reintroduzidas em breve. Ernesto Viveiros de Castro informou que estão na lista jabuti, arara-vermelha, pássaros trinca-ferro e mais alguns mamíferos. Deve ser ampliada também a população de bugios. Este é considerado um animal vulnerável na lista de espécies ameaçadas no Brasil. O bugio se alimenta de folhas e frutos, espalha as sementes das árvores nativas e possibilita, dessa maneira, a contínua regeneração da floresta.
Ao longo do ano de 2018 serão construídos viveiros, para que tenha início o trabalho com aves. Viveiros de Castro disse que os demais animais, de criadouros ou de apreensões, terão de passar por quarentena e aclimatação em viveiros, antes da soltura na floresta, que está prevista para 2019.