Rio deve fechar 2017 com número recorde de transplantes e de doação de órgãos
O estado do Rio de Janeiro chega ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado hoje (27), com aumentos significativos tanto no número de transplantes quanto no de doações de órgãos. A previsão é de que neste ano seja registrado o maior número de cirurgias desde que o Programa Estadual de Transplantes (PET) foi criado, há sete anos.
Segundo informações do governo, até agosto foram realizados 966 transplantes em todo o estado. Com isso, a área de saúde estima que no fechamento do ano, o total de cirurgias ultrapasse as 1.129 feitas durante todo o ano passado.
Para o coordenador do Programa Estadual de Transplante, Gabriel Teixeira, ainda existem, no entanto, barreiras a serem quebradas para que os resultados possam ser melhores. “Sabemos que a negativa das famílias ainda é o maior desafio a ser superado, mas a informação é a nossa principal estratégia para que a doação de órgãos seja um assunto encarado com mais naturalidade entre os brasileiros. Acredito que estamos no caminho certo e a evolução nos números tem mostrado isso”.
Cirurgias
O transplante de córnea deverá ficar entre as cirurgias mais realizadas. O procedimento, que chegou a ter uma fila de espera de dez anos, tem atualmente uma média de oito meses. “Entre janeiro e agosto de 2017, foram feitos 576 transplantes de córnea, número que supera todo o ano de 2016, quando foram feitos 575 procedimentos como essse. Só em agosto foram realizados 106 transplantes de córnea, o antigo recorde mensal era de 96 cirurgias”, informa o governo do Rio em nota.
Outra cirurgia de transplante que está entre as mais realizadas é a de coração. “Entre janeiro e agosto deste ano foram feitas nove cirurgias, mesmo número de todo o ano passado. Os números de transplantes de rins também são significativos. No ano passado, até agosto, foram 233 procedimentos. Este ano, no mesmo período, foram 234.
De acordo com o secretário estadual de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr, somente com muito debate será possível quebrar a resistência das famílias e, consequentemente, aumentar o número de doações. “Sabemos que a decisão de doar os órgãos de um parente é tomada no momento mais difícil, mas o debate constante desse assunto ajuda a aumentar o número de doações. O resultado que temos alcançado este ano mostra isso claramente. Apesar das dificuldades, estamos batendo recordes de doações, isso quer dizer que nosso objetivo de salvar vidas está sendo cumprido”.
O Programa Estadual de Doações encerrou 2016 com taxa de 13.8 por milhão de habitantes (PMP). No primeiro trimestre deste ano, esse número chegou a 15.4 PMP, com crescimento de 12%. Os números indicam que desde que foi criado, em abril de 2010, o programa já ultrapassou a marca de 8.593 transplantes de órgãos e tecidos realizados.
Legislação
A legislação brasileira que trata da doação de órgãos determina que apenas parentes diretos de pacientes com diagnóstico de morte encefálica têm o direito de autorizar a doação de órgãos e tecidos. Em 2016, entre as famílias entrevistadas pelas equipes de acolhimento familiar, 46% deram resposta negativa à doação. Nos seis primeiros meses de 2017, esse índice ficou em 45,5%.
A assistente social do PET, Patrícia Bueno, integrante da equipe de acolhimento familiar, reitera a necessidade de conscientização da sociedade para que o número de doações continue aumentando. “Nas entrevistas, oferecemos à família que perdeu um ente querido o direito de doar os órgãos e, dessa forma, salvar vidas que dependem disso”.
Além de promover, desde 2015, palestras de conscientização em empresas, instituições e outras entidades sobre a importância da doação de órgãos, o PET disponibiliza o site www.doemaisvida.com.br, onde as pessoas que querem se declarar doadoras podem se cadastrar e compartilhar a vontade com familiares e amigos.
Apesar de não ser um documento legal, uma vez que somente familiares diretos podem autorizar a doação, o cadastro visa a estimular as famílias a discutir o assunto, buscar informações e compartilhar a vontade de ser doador, acrescenta a nota do governo.