Rio de Janeiro passa a oferecer resultado on-line para testes do pezinho
O exame de triagem neonatal, conhecido como teste do pezinho e recomendado para ser feito entre o terceiro e o quinto dia de vida do bebê, passará a ter entrega do resultado on-line no estado do Rio de Janeiro. O lançamento do serviço foi feito hoje (11) pelo secretário de Estado de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Junior, na sede da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), entidade filantrópica que faz o exame laboratorial para o sistema de saúde do estado.
De acordo com Teixeira, o sistema é pioneiro no Brasil e vai utilizar a mesma plataforma que a Secretaria de Estado de Saúde (SES) já utiliza para a entrega de resulta dos laudos de exames do Rio Imagem. O acesso no site é feito com o número do exame que consta no canhoto fornecido pela unidade de saúde e a data de nascimento da criança.
“[O Rio de Janeiro] é o primeiro estado do Brasil que vai ter o resultado on-line do teste do pezinho. Isso vai favorecer e muito a agilidade desse processo. As mães muitas vezes voltavam às unidades básicas de saúde e não conseguiam ter o acesso, ou porque a unidade estava sem internet, sem impressora, com problema no computador. Agora elas vão poder ou no seu celular, ou no computador de casa, ou numa lan house, ou até nas próprias secretarias terão o acesso aos laudos, para que a gente faça com que as crianças possam ser tratadas mais precocemente”.
O teste do pezinho faz a pesquisa e diagnóstico de pelo menos seis doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, deficiência de biotinidase, hiperplasia adrenal congênita e fibrose cística. O exame é obrigatório e gratuito em todo o território nacional desde 1992. Ele integra o Programa Nacional de Triagem Neonatal, pelo qual o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza acesso universal e integral aos testes do pezinho, da orelhinha, do olhinho, da linguinha e do coraçãozinho.
Acompanhamento
Teixeira explica que, com a informatização do sistema, também foi reorganizado o fluxo de identificação e busca dos bebês que precisarão de acompanhamento específico de saúde. “Em todos os resultados positivos, nós vamos acionar a secretaria municipal e faremos uma busca ativa. A secretaria municipal tem um prazo de 30 dias para acionar a mãe e a criança para voltar para refazer o exame e ser atendido. Nos casos em que a mãe não aparece, nós vamos acionar o conselho tutelar porque é uma medida de saúde pública”.
Na cerimônia de lançamento do serviço, a vice-presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Rio de Janeiro, Teresa Cristina Abraão Fernandes, destacou que os municípios são os primeiros a serem procurados quando há dificuldades para receber o resultado do teste e que o laudo on-line vai melhorar essa questão.
“Muitas vezes a dificuldade de receber o resultado bate na nossa porta e somos nós [secretarias municipais de Saúde] que recebemos aquele mandado judicial. [Quer] Parabenizar a Apae pelo avanço, de saber que está proporcionando o acesso com qualidade a todos os usuários, saber que uma mãe hoje até de um celular vai poder acessar o seu exame. Isso é um avanço enorme no estado do Rio de Janeiro”.
Convênio
Segundo o secretário, os atrasos nos testes do pezinho que vinham ocorrendo desde 2015 foram causados por uma “decisão equivocada” da SES de direcionar a realização do exame para o Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (Iede), que não tem expertise em exames laboratoriais. Mas, de acordo com ele, o problema foi solucionado depois do convênio com a Apae, celebrado no começo de 2017.
“Nós conseguimos colocar esses testes em dia e agora, com a parceria da Apae, vamos fazer esse teste on-line para favorecer a vida dessas mães. O Iede vai se concentrar no perfil de atendimento, e não mais fazer o teste laboratorial”.
O presidente da Apae Rio, Pedro Aurélio, explica que a instituição tem capacidade para fazer 40 mil exames por semana e já colocou em dia os 120 mil que estavam atrasados. “Foram 120 mil testes atrasados, de junho de 2016 até fevereiro de 2017. Fizemos a contratação com a secretaria do estado e passamos a fazer os atuais, além dos atrasados. Agora está tudo em dia”.
As gotas de sangue são retiradas do calcanhar do bebê nas unidades básicas de saúde e as secretarias municipais enviam o material pelos Correios para a Apae, que realiza o exame lança o resultado no sistema em cerca de uma semana. Com o número do protocolo, também é possível acompanhar se a amostra já foi encaminhada para o exame.