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Prefeitura do Rio fecha 45 boxes de camelódromo que seriam de milícia

Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 19/04/2018 - 18:49
Rio de Janeiro

Uma ação da prefeitura do Rio resultou na interdição, nesta quinta-feira (19), de 45 boxes no camelódromo da Rua Uruguaiana, o principal polo de comércio popular do centro da cidade. De acordo com a Secretaria Municipal de Fazenda, há suspeitas de que integrantes de milícias estejam agindo na área alugando boxes e cobrando taxas dos comerciantes, o que é negado pela associação que administra o local.

Em nota divulgada à imprensa, a secretaria argumentou que os boxes interditados foram construídos ilegalmente no mercado popular. “Os boxes foram construídos na calada da noite pela associação que representa os comerciantes locais e vendidos por aproximadamente R$ 70 mil cada. A fraude em terreno público já soma mais de R$ 3 milhões”, diz trecho da nota.

Uma ação da prefeitura do Rio resultou na interdição de 45 boxes no camelódromo da Rua Uruguaiana, o principal polo de comércio popular do centro da cidade.
O camelódromo da Rua Uruguaiana é o principal polo de comércio popular do centro da cidade. (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Segundo a secretaria, a área pertence ao governo do estado. Além disso, afirma ainda que a associação de comerciantes nunca cumpriu a promessa feita à Secretaria de Ordem Pública, em 2015, de aprovar as instalações no Corpo de Bombeiros, o que representa riscos à segurança dos frequentadores.

Em outro trecho da nota, a secretaria diz que o serviço reservado da Guarda Municipal realizou um levantamento de atividades ilícitas realizadas no local: “Voltaram a ser comercializadas mercadorias contrabandeadas e falsificadas, além de celulares furtados. Há informes que milicianos voltaram a atuar em conjunto com a associação, alugando boxes e cobrando taxas de segurança”.

A secretaria informou que já noticiou os crimes à delegacia de polícia da área e disse que irá levar o caso ao Ministério Público, para cobrar a atuação das autoridades policiais e proceder a remoção dos boxes.

Um dos comerciantes que teve seu box fechado foi Rafael Santos, que há dez anos trabalha no local e agora não sabia o que fazer para garantir sua renda. “É o nosso sustento. Fechado, o que a gente faz? Não tem opção para nada. A minha família depende disso para viver. É complicado. Mais fácil virar ladrão, roubar os outros?”, desabafou Rafael, que não é o proprietário do local e alega ter recebido o box por empréstimo de um amigo.

Associação nega

O presidente da associação dos comerciantes do camelódromo, João Lopes do Nascimento, negou que haja qualquer ligação da entidade com milicianos. “Milícia não existe aqui. Eu não acredito não. É boato. Esse negócio de miliciano, só se for lá na rua, na calçada”, alega Lopes.

Segundo ele, são 1.600 boxes no total, sendo que 900 têm alvará de funcionamento e 700 ainda aguardam o documento. Porém, Lopes disse que todos os comerciantes são legalizados como microempreendedor individual (MEI) e recolhem os impostos devidos.