Rio: escoltas de caminhões-tanque negociaram para passar por bloqueios
O porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), coronel Carlos Cinelli, disse que as 26 escoltas de caminhões-tanque feitas durante a madrugada de hoje (28) foram viabilizadas a partir de negociações “bem sucedidas” entre as lideranças dos caminhoneiros, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e os próprios agentes das forças de segurança. Cinelli disse que os problemas decorrentes dos bloqueios feitos pelos caminhoneiros à frente da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, principalmente nos últimos dias, estavam todos sendo resolvidos na base do diálogo. “Uso da força apenas como último recurso. Negociar é a chave para o retorno à normalidade”, disse.
Desde o final de semana, tropas federais ocupam parte das instalações físicas da Reduc, onde está sendo estabelecida pelos militares uma central de escoltas e controle de saída de veículos. A finalidade desse procedimento é sistematizar o fluxo de abastecimento e alocar os meios necessários à segurança dos comboios destinados aos diferentes pontos do estado, dentro das prioridades estabelecidas pelo Gabinete de Gestão de Crise.
Apesar do acordo firmado ontem (27) entre o governo federal e as lideranças dos caminhoneiros, na manhã desta segunda-feira, ao longo das principais rodovias federais que cortam os estados, era possível ver caminhões estacionados em pontos estratégicos dos acostamentos de diversas rodovias, como era o caso do trecho norte da BR-101 – que liga os municípios do Rio de Janeiro a Campos dos Goytacazes, principalmente no trecho de Itaboraí, nas imediações do Trevo de Manilha.
Nas imediações da Reduc, também havia concentração e manifestações esporádicas de caminhoneiros, embora os caminhões-tanque saíssem da refinaria sem passarem por nenhuma barreira ou hostilidade física por parte dos manifestantes.
Sindicatos
Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência do Estado do Rio de Janeiro (Sindestado-RJ) informou que, até por volta das 10h30 da manhã desta segunda-feira, nenhum posto estabelecido no interior fluminense recebeu carregamento de combustíveis.
“Aproveitamos a oportunidade para assinalar que, a partir do momento em que os postos começarem a ser reabastecidos, estimamos que a situação geral só estará normalizada num período de cinco a sete dias”, diz o sindicato na nota.
Já o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes e de Loja de Conveniência do Município do Rio de Janeiro (Sindcomb) informou à Agência Brasil que a situação do ponto de vista do abastecimento ainda é insignificante em relação à demanda de postos e motoristas.
De acordo com o Sindicomb, dos cerca de 830 postos filiados ao sindicato, apenas seis ou sete receberam o produto e, ainda assim, em volume limitado à 5 mil litros de cada combustível. O presidente do sindicato, Antônio Barbosa Ferreira, disse que a situação levará entre quatro a cinco dias para ser normalizada após a chegada do combustível aos postos. “Este não é o caso, uma vez que há bloqueios esporádicos em alguns pontos e as distribuidoras vem encontrando problemas para entregar o produto, apesar do anunciado acordo firmado com o governo e o consequente fim da greve”, disse.
O Sindcomb informou que a média entregue a estes postos é de 5 mil litros de cada tipo de combustível. A exceção é o posto da Central Irajá, no Trevo das Margaridas, na Avenida Brasil, onde foram entregues 55 mil litros de combustíveis. O produto veio em dois caminhões-tanque provenientes da Base de Distribuição da Shell, em Campos Eliseos, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Segundo o sindicato, os outros postos que receberam combustíveis tiveram os produtos limitados a 5 mil litros de cada combustível: gasolina, diesel e etanol. Esta será a quantidade que o sindicato disponibilizará a todos os postos que forem abastecidos nesta segunda-feira.
Federação das empresas
A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), informou há pouco, em nota, que o “abastecimento de combustível começou a ser normalizado nesta segunda-feira, permitindo a retomada gradativa da operação em todo o estado”.
Segundo a nota, a normalização se deu graças ao apoio das forças de segurança. “As empresas receberam as primeiras remessas de óleo diesel ainda de madrugada, com a distribuição sendo intensificada durante a manhã”.
De acordo com a Fetranspor, a expectativa é normalizar a operação ao longo do dia e na terça-feira (29), caso o abastecimento não seja interrompido novamente. Neste momento, afirma a entidade, “a frota em circulação é de aproximadamente 40%, com tendência de aumento no decorrer do dia. Nas regiões mais afetadas pela falta de combustível, a operação chega a 20% do total de ônibus”.