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Defensoria recorre de decisão que mantém helicópteros em operações

Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 21/06/2018 - 21:40
Rio de Janeiro

A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro vai recorrer da decisão da 6ª Vara de Fazenda Pública, que indeferiu o pedido de liminar para suspender o uso de helicópteros em operações policiais. A informação foi divulgada na noite desta quinta-feira (21), por meio de nota divulgada pela assessoria do órgão.

A ação foi protocolada na quarta-feira (20), após uma operação da Polícia Civil e do Exército no Complexo da Maré, que resultou em sete mortos, inclusive o estudante Marcos Vinícius da Silva, de 14 anos, atingido por um tiro no caminho da escola.

Na decisão, a 6ª Vara de Fazenda Pública reconheceu que é necessário o aprimoramento da política de segurança pública e que concedeu tutela de urgência requerida pela Defensoria para que o Estado apresente um plano de redução de riscos e danos para o enfrentamento das violações de direitos humanos decorrentes de intervenções policiais no Complexo da Maré.

Crivella

No mesmo sentido, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, voltou a defender que as operações policiais em comunidades sejam feitas com inteligência, para evitar a perda de vidas inocentes. A declaração foi durante o velório de Marcos Vinícius. 

Crivella tem repetido que a tecnologia, como a dos drones, seja usada para orientar essas ações, com o intuito de reduzir os riscos para a população. “Nós precisamos de ações de inteligência que evitem a morte de inocentes”, disse Crivella.

Rio de Paz

O fundador da organização Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, também compareceu ao velório estudante e destacou o grande número de jovens inocentes que morrem em operações policiais no estado.

“De 2007 para cá, 50 crianças foram vítimas de balas perdidas no estado do Rio. Nos últimos dois anos e meio, 28. Neste ano, oito. A maioria meninos e meninas pobres, moradores de favelas, que têm suas vidas interrompidas por balas perdidas em razão de tiroteios entre policiais e traficantes ou confrontos entre facções rivais. É algo inaceitável. A face mais hedionda da criminalidade no Rio de Janeiro e sintoma de grave patologia social”, disse Costa.

Protestos

Desde a noite de quarta-feira, foram registrados vários protestos no entorno do Complexo da Maré. Durante a madrugada, as três principais vias da cidade, Linha Vermelha, Linha Amarela e Avenida Brasil, chegaram a ser fechadas, com protestos e fogo em montes de lixo. Um ônibus foi incendiado. 

Na manhã desta quinta-feira, um grupo de estudantes do Colégio Operário Vicente Mariano, onde Marcos Vinícius estudava, fez um protesto nas proximidades da Vila do João, na Linha Amarela, e foi reprimido pela Polícia Militar (PM). Durante a manifestação, foram gravadas imagens, divulgadas pelas redes sociais, do momento em que um PM quase atinge uma estudante com um pedaço de madeira.