Um olhar sobre o mundo discute a militarização do espaço

Diante do anúncio de que o presidente Donald Trump pretende criar uma força espacial norte-americana, o jornalista Moisés Rabinovici vai debater, no programa Um olhar sobre o mundo, a questão da militarização do espaço, a possibilidade de vida extraterrestre e também um pouco de ficção científica. Para isso, entrevista o jornalista Salvador Nogueira, colunista da Scientific American Brasil, e o diretor do fã clube de Star Trek, Fernando Augusto Dias Afonso.
O programa vai ao ar nesta segunda-feira (27), às 22h15, na TV Brasil.
Salvador Nogueira destaca que a militarização do espaço pode provocar, na verdade, a destruição de objetos em órbita pertencentes a outros países considerados inimigos dos Estados Unidos como Rússia e China. Isso causaria a fragmentação desses alvos e a criação de um gigantesco lixo espacial. Segundo ele, a preocupação da comunidade científica é que se crie um invólucro de lixo em torno da Terra que impossibilite novos lançamentos para a órbita da Terra. "Quando você destrói um satélite em órbita, não acontece como nos filmes, em que ele simplesmente some. Ele se transforma em milhões de pequenos satélites em órbita - isso é lixo espacial", explica.
“Vamos supor que alienígenas inteligentes existem e que eles vão invadir a Terra. A força espacial do Trump não vai ajudar em nada. Porque a discrepância tecnológica entre a humanidade e alienígenas capazes de atravessar as distâncias entre as estrelas é tão grande que não teríamos a menor chance de resistir. O objetivo da força espacial é confrontar a China e a Rússia, não alienígenas”, argumenta o jornalista.
Para o colunista da Scientific Amercian Brasil, o anúncio de Trump foi uma "ação teatral" para mostrar força. "Esse anúncio do Trump vai nessa direção de mostrar que os EUA têm a supremacia também no espaço”, afirma. “É um anúncio que pegou todo mundo de calça-curta até mesmo no governo. A Força Aérea americana que atualmente tem o comando espacial não estava sabendo desse anúncio e também não queria a formação de uma sexta força militar. O Pentágono também não estava sabendo.”
O jornalista também conversou com Rabinovici sobre os avistamentos de objetos voadores não identificados e sobre relatos de abdução. “Não há nenhuma evidência concreta de que alienígenas tenham visitado a Terra. Temos toneladas de relatos de pessoas que viram objetos não identificados, que entraram em contato com alienígenas, que foram sequestrados por alienígenas, e de todos esses relatos não há um fragmento de evidência física.”
No entanto, ele não descarta a possibilidade de existência de vida fora em outros planetas. “Existe a possibilidade de que haja vida inteligente fora da Terra. O universo contém um número superlativo de planetas habitáveis e, por isso, não dá para descartar que exista vida em algum lugar”, destaca. “O físico Stephen Hawking, que faleceu recentemente, dizia que podíamos procurar por vida extraterrestre, mas que era melhor não enviar sinais. Segundo ele, há um risco de que alguém hostil esteja ouvindo”.
Ao comentar a proposta de Trump o jornalista argumenta que há uma "distância abissal" entre o que anuncia o presidente norte-americano e a criação real de uma força espacial. “O Trump tentou nomear um novo administrador para a NASA, que é uma agência civil sem controvérsias, e demorou mais de um ano para ser aprovado pelo Congresso.”
O diretor do fã clube de Star Trek, que encarna o personagem Capitão Kirk, faz no programa intervenções próprias da ficção e indica que conquistas espaciais antes julgadas impossíveis podem um dia se tornar realidade.


