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Índios Yanomami impedem a saída de profissionais de saúde em aldeia

Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 17/09/2018 - 20:33
Brasília

O Ministério da Saúde confirmou nesta segunda-feira (17) que 21 servidores, além de quatro pilotos, foram impedidos por índios Yanomami de retornar à base e estão em uma aldeia na região de Surucucu, município de Alto Alegre, no norte de Roraima. Os indígenas retiveram as três aeronaves usadas pelos profissionais, que prestam serviço de atendimento à saúde nas aldeias. Eles fazem parte da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do ministério.

Segundo o governo, as equipes não foram sequestradas pelos indígenas e seguem realizando suas atribuições diárias, estando em seus alojamentos. "Nenhum profissional foi retido ou preso pelos indígenas e não há descontinuidade nos atendimentos", informou o ministério, em nota.

A manifestação dos indígenas ocorre após a morte de duas crianças menores de um ano na região. Um recém-nascido de 29 dias morreu, segundo o governo, em decorrência de broncoaspiração (por regurgitação), no último dia 31 do mês passado. Um outro bebê, de 12 dias, também morreu ontem (17), aparentemente em virtude de complicações decorrentes de uma pneumonia. O Ministério diz que lamenta a morte das crianças e informa que os dois casos são de "investigação obrigatória".       

Exigência

Segundo informações locais, os indígenas exigem a saída do coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y), Rousicler de Jesus Oliveira. Na nota, o Ministério da Saúde informa que a nomeação de cargos de livre provimento é atribuição exclusiva do Poder Executivo, mas que mantém "o compromisso de continuar trabalhando em diálogo constante com as lideranças para a ampliação e a qualificação das ações de saúde de todos os indígenas brasileiros, garantindo o pleno exercício do controle social". 

Ainda de acordo com a pasta, o atendimento na região é realizado por intermédio de duas equipes multidisciplinares, que contam ao todo com dois enfermeiros, 13 técnicos de enfermagem e dois médicos para atender a um total de 40 aldeias. A região também conta com um helicóptero para dar assistência aos deslocamentos das equipes.

Nesta segunda, o DSEI encaminhou uma aeronave para a região para realizar a remoção de dois pacientes, acompanhados de um enfermeiro, que já se encontra em Boa Vista.

As ações de saúde desenvolvidas pela Sesai atendem, segundo o governo federal, cerca de 700 mil indígenas, pertencentes a 305 etnias e que vivem em 5,7 mil aldeias em todo o país.