Geoparques da Unesco vão doar peças ao Museu Nacional do Rio
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) anunciou hoje (4) que os 140 geoparques de sua rede farão doações ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, que perdeu parte de seu acervo em um incêndio que começou na noite de 2 de setembro
Cada geoparque coletará e doará ao museu um artefato lítico, fóssil ou de importância cultural e científica para o país.
Os geoparques são áreas geográficas cujo patrimônio geológico fica sob a guarda da Unesco. Atualmente, a Rede Mundial de Geoparques é composta por 140 pontos, distribuídos em 38 países.
A colaboração com o Brasil foi proposta pelo presidente da Cátedra da Unesco de Geoparques, Desenvolvimento Regional Sustentável e Estilos de Vida Saudáveis, Artur Abreu Sá. Ele disse esperar que o gesto avive o sentimento de solidariedade de outras instituições. "Nossa humilde iniciativa pretende servir de exemplo para outras instituições, como universidades e museus, mas também associações e indivíduos, de todas as partes do mundo, para que ajudem o Museu Nacional.”
Controlado somente na madrugada de 3 de setembro, o incêndio consumiu 90% do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, segundo cálculos do governo federal. Fundado em 1818 por dom João VI, o museu era considerado pela Unesco a mais importante instituição museológica da América Latina na especialidade de história natural, por conter significativas coleções de arqueologia, botânica, etnologia, etnografia, geologia, linguística, paleontologia e zoologia.
Entre o conjunto de peças de maior relevância do museu estava o de origem egípcia, que foi danificado pelo fogo.
Após comparecerem ao local para apurar os estragos, no dia 18 de setembro, representantes da Unesco estimaram em uma década o prazo para concluir os trabalhos de restauração do museu.
Três dias depois da visita dos representantes da Unesco, o Ministério da Educação comunicou a liberação de R$ 8,9 milhões dos R$ 10 milhões prometidos para a realização de obras emergenciais no prédio, que garantiriam um reforço em sua base. O restante da verba, cerca de R$ 1 milhão, ficou reservado para atividades de pesquisa desenvolvidas na Universidade Federal do Rio de Janeiro, que administra o museu.
Embora a instituição ainda não tenha confirmado a destruição dos restos mortais de Luzia, fóssil humano mais antigo encontrado na América, a Unesco avalia o item como insubstituível. Assim também são consideradas pela organização as gravações de línguas indígenas que já não são mais faladas e coleções de fósseis e holótipos (espécimes que servem como base para descrever e nomear uma nova espécie).
A decisão foi adotada por unanimidade durante a 8ª Conferência Internacional sobre os Geoparques Mundiais da Unesco, realizada em setembro, no Geoparque Adamello Brenta, na Itália.
*Com informações da Unesco