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Arquidiocese de São Paulo celebra missa pelos mortos em Suzano

Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 18/03/2019 - 21:03
São Paulo
Alunos choram perto de uma parede durante um dia de reabertura da escola, após o tiroteio na escola Raul Brasil em Suzano, estado de São Paulo, Brasil 18 de março de 2019.
© UESLEI MARCELINO

A Arquidiocese de São Paulo celebrou, no fim da tarde de hoje (18), na Catedral da Sé, no centro da cidade, missa em memória dos mortos no ataque à Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), quarta-feira passada (13). A cerimônia, celebrada pelo arcebispo metropolitano de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, foi proposta pela Pastoral do Menor, por entidades de direitos humanos e pela própria arquidiocese. 

Alunos choram perto de uma parede durante um dia de reabertura da escola, após o tiroteio na escola Raul Brasil em Suzano, estado de São Paulo, Brasil 18 de março de 2019.
Alunos choram na reabertura da escola, nesta segunda, em Suzano - Uelei Marcelino/Reuters/Direitos Reservados

No sermão, dom Odilo fez uma reflexão sobre as razões que podem ter levado dois jovens a cometer o massacre, e destacou a presença do “vírus” da violência e do ódio no convívio social. “A sociedade está doente. Está doente de violência; o vírus da violência tomou conta. Está doente de ódio. O bacilo da violência pega. O ódio é contagiante. A sociedade está doente de desprezo pela dignidade do próximo e de si mesmo. Perdeu o rumo, os valores a partir dos quais é possível edificar a convivência, a paz, o respeito, e a dignidade”, disse o arcebispo.

“O que está acontecendo de errado na sociedade para que o mundo fique doente de ódio, de violência, de injustiça, e desprezo pela vida? Caberia, sim, um bom exame de consciência, em vez de simplesmente procurar culpados. E, achado um culpado, nós nos considerarmos, portanto, todos justificados. Ele que pague, nós estamos todos isentos. Há muita coisa de errado no convívio social”, questionou dom Odilo.

Ele mencionou ainda as referências que estão sendo oferecidas aos jovens e indagou quais valores estão sendo transmitidos para eles "se alimentarem". "Do que se alimentavam esses dois jovens? Quem lhes dava alimento? É isso que é preciso procurar. Nossas crianças estão se alimentando bem para se afastar do bacilo do ódio, da vingança e da destruição?".

Presente à cerimônia, o especialista em direitos da criança e do adolescente, Ariel de Castro Alves, defendeu a busca pelo diálogo como forma de combater a violência. “A melhor prevenção é pelo diálogo e pela relação de confiança entre estudantes e educadores, para que os jovens alertem sobre as situações de violência atuais e futuras. Dessa forma, os pais, a polícia, os conselhos tutelares, as promotorias e varas da Infância e Juventude devem ser acionados”, disse Ariel, que é membro do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana (Condepe) .

Nesta terça-feira (19), em Suzano, será celebrada a missa de sétimo dia dos mortos no ataque à escola.

Na manhã de quarta-feira passada, depois de matar um empresário, dois jovens invadiram a escola e atiraram a esmo em estudantes e profissionais que estavam no local. Cinco alunos e duas professoras foram mortos. Com a chegada de policiais, um dos atiradores atirou no companheiro e se matou em seguida. Onze pessoas ficaram feridas no tiroteio.