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“Não dá para mensurar”, diz Cravo Albin sobre morte de João Gilberto

Para pesquisador, João é responsável por mostrar Brasil ao mundo
Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 08/07/2019 - 16:18
Rio de Janeiro
João Gilberto, Morte
© Senado/Divulgação

Durante toda a manhã e início da tarde desta segunda-feira (8), fãs, amigos e parentes passaram pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia, região central da cidade, para se despedir de João Gilberto. O cantor, compositor e violonista faleceu no sábado (6), aos 88 anos. 

Por muitos considerado o pai da bossa nova, João Gilberto é tido pelo pesquisador e historiador da música brasileira Ricardo Cravo Albin como o responsável por mostrar para o mundo o talento musical do Brasil. 

“Não dá para mensurar o tamanho da perda de João Gilberto, porque ele é a criação da música brasileira contemporânea e a criação da música brasileira internacionalizando pela primeira vez todo um contexto de samba. Porque a bossa nova, que ele criou, e ele dizia com toda a razão, não é senão samba. Portanto, é o gênero mais autêntico do Brasil. A bossa nova é a criação de João Gilberto pela voz e pelo violão”. 

A cantora Teresa Cristina diz ter sido influenciada por ele, mesmo sem ter tido a oportunidade de ver pessoalmente João Gilberto cantar. 

“Ele está na base da música brasileira, é um farol. Do jeito dele, recluso, diferente, ele influenciou todos os meus mestres. Todas as pessoas que eu admiro, que tenho carinho e respeito à obra, têm o João Gilberto como mestre. Esse jeito dele cantar influenciou muita gente, acredito que eu também fui influenciada por esse jeito descansado dele cantar. Mas eu acho que ele era tão gênio que ele influenciou muita gente que nem sabe que tem a influência de João Gilberto no seu canto”. 

Jeito Brasileiro

Para a cantora Adriana Calcanhotto, João Gilberto inspirou gerações de artistas. “Muitos artistas, de música e outras áreas, são influenciados pelo João até sem saber que são. É uma coisa muito bonita, é muito profundo o que ele fez. Não é só na camada muito superficial, só da música. É o jeito de falar, a própria arte, a música e o Brasil. A gente tem que se espelhar nisso. O João Gilberto é um exemplo para nós todos, representa um Brasil muito grande”. 

Pouco antes das 14h, uma homenagem foi feita no hall do Theatro com integrantes do coro e da orquestra do Theatro, regidos pelo maestro e compositor Tim Rescala, que tocaram e cantaram Jesus Alegria dos Homens, de Johann Sebastian Bach, e Ave Verun Corpus, de Wolfgang Amadeus Mozart.

Após a primeira parte da apresentação musical, o padre Omar Raposo, reitor do santuário do Cristo Redentor, celebrou uma missa. A cerimônia foi encerrada com a execução de Air, de Bach e Chega de Saudades, obra de Tom Jobim imortalizada na voz de João Gilberto, que foi acompanhada por todo o público presente cantando junto. 

A filha de João, Bebel Gilberto, disse que a homenagem foi à altura do pai. “Que a gente continue tocando, cantando, apreciando a música como ele tanto quis. E que a gente resgate na música o amor para sempre e celebre a vida”. 

O velório de João Gilberto terminou às 14h20. O corpo do cantor foi levado para Niterói, na região metropolitana, onde será enterrado no cemitério Parque da Colina.

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