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Aves de criadouro brasileiro serão soltas na Mata Atlântica argentina

Elas fazem parte de programa da Itaipu Binacional
Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 03/12/2019 - 14:19
Brasília
Aves nascidas em criadouro brasileiro repovoarão Mata Atlântica argentina
© Alexandre Marchetti

Seis fêmeas e quatro machos da espécie mutuns-de-penacho (Crax fasciolata), que fazem parte do programa de reprodução da empresa Itaipu Binacional, serão reintroduzidas pela primeira vez no bioma natural.

As 10 aves serão soltas dentro de 30 dias na província de Corrientes, próximo ao Parque Nacional de Iberá, na Argentina. A região é de tríplice fronteira com Brasil e Paraguai, próxima ao Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), onde os animais nasceram em um criadouro científico.

Segundo o superintendente de gestão ambiental de Itaipu, Ariel Scheffer, a escolha do lugar para soltura foi motivada pela ampla experiência da Fundação Conservation Land Trust (CLT), que será a responsável pelo processo de reintrodução.

“Eles têm lá áreas preservadas de Mata Atlântica muito grandes, onde o sucesso dos indivíduos na natureza será garantido. Eles também têm uma equipe de pesquisadores muito eficientes, com bastante experiência nessa questão da reintrodução”, disse.

Aves nascidas em criadouro brasileiro repovoarão Mata Atlântica argentina
O mutum-de-penacho sofre ameaça - Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional

O mutum-de-penacho é uma ave que mede cerca de 80 centímetros e pesa, em média, 2,5 quilos. Ela habita o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil, o Paraguai e o norte da Argentina e é importante dispersora de sementes em florestas de climas tropicais e subtropicais. Por ser de uma espécie Galliforme, como a galinha e o peru, sofre ameaça de extinção por causa da caça para consumo de sua carne e ovos.

No processo de reintrodução, como há maior controle, os mutuns-de-penacho sofrem a ameaça de predadores naturais, como felinos e répteis, e também precisam aprender a se alimentar sozinhos de pequenos insetos, moluscos e sementes. “Eles passam por um período de pré-adaptação em gaiolas no meio da floresta, para depois serem soltos. Alguns indivíduos receberão equipamento de rastreamento para acompanhamento após a soltura”, afirmou o superintendente.

Entre planejamento e envio das aves para a Argentina, a operação terá duração de mais de seis meses. Como o banco genético de Itaipu já está garantido, novas solturas deverão ocorrer. “A gente espera que com a reintrodução desses indivíduos e mais algumas novas reintroduções a gente consiga criar uma população viável que comece a se reproduzir em ambiente natural para recompor o bioma.”