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Meio Ambiente

Operação na Bacia do Rio Guandu fecha indústria de confecção

Empresa lançava efluentes sem tratamento adequado no rio
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 06/02/2020 - 11:10
 - Atualizado em 06/02/2020 - 14:34
Rio de Janeiro
Fiscais do Inea fazem vistoria em empresas no polo de Queimados, na Bacia do Rio Guandu - Inea/Divulgação
© Inea/Divulgação

A empresa de confecção de vestuário Citycol, em Queimados, na Baixada Fluminense, foi autuada, hoje (6), por lançar efluente no meio ambiente sem o devido tratamento. De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), foram lacradas as caixas de energia, paralisadas as operações da tinturaria e feito o tamponamento da saída de água da estação de tratamento da empresa.

A autuação ocorreu durante operação de fiscalização no distrito industrial de Queimados, na Baixada Fluminense, realizada por técnicos da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), com apoio do Comando de Polícia Ambiental (CPAm).

Foram vistoriadas cinco indústrias que funcionam no polo industrial para identificar despejo de efluentes sem tratamento no Rio Guandu.

Na operação, os técnicos do Inea além de realizarem a coleta de amostras de água na saída das Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) das indústrias, sobrevoaram a região para rastrear possível lançamento de esgoto industrial sem tratamento no Rio Guandu.

Na indústria de fabricação de plástico Burn foram lavrados dois autos de infração e uma notificação, por armazenamento irregular de matéria-prima e destinação incorreta do esgoto sanitário.

A empresa de desentupimento, coleta e transporte de resíduos Flash Rio foi interditada. “Além do despejo irregular de resíduos, a empresa efetuou desmatamento, avançou pela faixa marginal do rio e realizou terraplanagem da área sem autorização. Duas máquinas foram apreendidas - um rolo compressor e um trator de esteira”, informou o Inea.

O Frigorífico Vifrio foi notificado a fazer adequações ambientais.

Na distribuidora de produtos de limpeza e descartáveis Lanlimp, a fiscalização não encontrou irregularidades.

Outro lado

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) contestou, em nota, as punições aplicadas às empresas e disse não aceitar “a tentativa de transferir para o setor produtivo a responsabilidade pela degradação da qualidade das águas do Rio Guandu, resultado da falta de implementação das políticas de saneamento na região”.

A entidade destacou que há décadas o baixo volume de investimentos em saneamento vem sendo “fator chave para que a qualidade da água da maioria dos corpos hídricos do estado do Rio tenha atingido os alarmantes índices atuais”.

A Firjan defende que o contexto atual reforça a urgência da aprovação do Marco Legal do Saneamento, que para a Federação, facilitará o aporte de recursos privados no segmento.

A entidade cita dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento do Governo Federal, indicando que apenas 44% da população do estado do Rio de Janeiro é atendida por rede de esgoto sanitário, e somente 28% do que é coletado recebe tratamento adequado. “Esses números alarmantes comprovam que o lançamento in natura de esgoto acontece, ainda hoje, em volumes elevados”, apontou.

Apesar de reconhecer que é papel institucional do Inea fiscalizar as empresas, como fez nesta quinta-feira (6), em operação em Queimados, e autuar os infratores, nos casos em que se evidencie o não cumprimento da lei, a Firjan ponderou que, cabe ressaltar, que as indústrias do estado do Rio de Janeiro fornecem regularmente dados sobre seus processos, produção de resíduos e emissões.

“Esse controle é definido pelo órgão ambiental e atende a padrões rigorosos de qualidade e a critérios e índices de referência internacionais”.

Por fim, a Firjan reforça que “o problema precisa ser abordado a partir de uma visão ampla e realista, levando-se em consideração que a situação atual é resultado de décadas de negligência e descaso com a política de saneamento”.

Em nota encaminhada à Agência Brasil na segunda-feira (10), a empresa Desentupidora Flash Rio contestou as informações do Inea e disse que não foi interditada "A diretoria da empresa Flash Rio repudia as informações publicadas no portal do Inea", diz a nota, ao complementar: "Cabe esclarecer que Flash Rio não foi interditada e que seu proprietário não foi detido e nem encaminhado para delegacia.".

* Matéria ampliada às 14h34 para acrescentar informações, às 17h19 para acrescentar posicionamento da Firjan e às 17h47 do dia 10/02 para incluir posicionamento da empresa Desentupidora Flash Rio