Equipes controlam fogo que consumia área do Pantanal próxima a Corumbá
Após quase oito dias ininterruptos em campo, bombeiros, brigadistas e funcionários de fazendas da Serra do Amolar, no Mato Grosso do Sul, conseguiram controlar o incêndio que consumia parte da vegetação pantaneira na região conhecida como Jatobazinho, próxima a Corumbá (MS), e ameaçava uma escola municipal – cujas aulas já tinham sido suspensas devido à pandemia da covid-19.
Segundo o tenente-coronel Fernando Carminati, do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul, as chamas foram controladas, mas as equipes presentes no local seguem monitorando a situação devido ao risco de reignição do fogo, pois a seca atípica que atingiu o Pantanal este ano e o calor do solo em brasas podem contribuir para o ressurgimento do fogo.
“O fogo está controlado, mas há ainda alguns pontos com muita fumaça. E uma característica do Pantanal é a queima subterrânea de parte da massa vegetal. Com o vento, pode ocorrer a reignição do incêndio. Por isso, durante esta fase de rescaldo, é necessário monitorar a situação”, disse o tenente-coronel, acrescentando que a frente fria que, desde ontem, vem fazendo com que as temperaturas baixem, favoreceu a formação de uma garoa que ajudou as equipes no controle do incêndio.
Focos de incêndio
De acordo com o diretor de relações institucional do Instituto Homem Pantaneiro, Angelo Rabelo, ainda há, em outras regiões da Serra do Amolar, cerca de 90 focos de incêndio. Ainda assim, ele comemorou a debelação das chamas que ameaçavam a Escola Jatobazinho – mantida por uma organização não governamental, em parceria com a prefeitura de Corumbá – e que consumiu milhares de hectares da flora.
“Os aceiros [longas faixas do terreno ao redor das chamas de onde a vegetação é retirada a fim de reduzir o material inflamável e, assim, tentar conter a propagação do fogo] ao redor do fogo permitiram preservar a escola. Pode-se dizer que, no momento, a situação está controlada, mas é importante monitorar [a área próxima à escola] e [combater] os demais focos”, disse Rabelo.
Distante cerca de três horas de barco de Corumbá, a principal área afetada pelo incêndio fica a cerca de 150 quilômetros do Parque Nacional do Pantanal – unidade de conservação criada em meio ao complexo de áreas protegidas e reconhecidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Reserva da Biosfera e Patrimônio Natural da Humanidade.
A origem do incêndio ainda está sendo investigada – embora tanto Carminati, quanto Rabelo, tenham dito à Agência Brasil não ter dúvidas de que ele foi causado pela ação humana, já que não chovia na região quando o fogo surgiu, não havendo, portanto, chances dele ter sido causado por um raio.
Apesar de relativamente próximo às margens do Rio Paraguai, as equipes tiveram que recorrer a um carro-pipa e mangueiras, pois devido à seca no Pantanal, a obtenção de água no local foi dificultada. Todo o maquinário pesado empregado teve que ser levado de balsa, pelo Rio Paraguai, até o local, em uma área de difícil acesso.
Em certos momentos, a fumaça chegou a cruzar o Rio Paraguai e afetar parte dos moradores de Corumbá, de onde, à noite, era possível avistar as chamas ardendo à distância. Para o diretor do Instituto Homem Pantaneiro, o fogo destruiu ao menos 20 mil hectares (cada hectare corresponde, aproximadamente, às medidas de um campo de futebol oficial) de vegetação – informação de que os órgãos oficiais ainda não dispõem.