logo Agência Brasil
Geral

Lava Jato cumpre quatro mandados de busca e apreensão no Rio

Alvo são investigados por operações fraudulentas na Petrobras
Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 07/10/2020 - 10:21
Rio de Janeiro
Edifício sede da Petrobras na Avenida Chile, centro da cidade.
© Arquivo/Agência Brasil

Policiais federais cumprem hoje (7) quatro mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de Janeiro, na Operação Sem Limites III, 76ª fase da Operação Lava Jato. Segundo a Polícia Federal (PF), as medidas buscam aprofundar as investigações acerca de práticas criminosas cometidas na Diretoria de Abastecimento da Petrobras, especificamente na Gerência Executiva de Marketing e Comercialização.

Conforme a PF, as medidas cumpridas hoje têm, dentre outros objetivos, fazer parar a atividade delitiva e aprofundar o rastreamento dos recursos de origem criminosa (propina). Os investigados responderão pela prática dos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e de lavagem de dinheiro.

As apurações foram iniciadas após a deflagração da 57ª fase da Operação Lava Jato, na Operação Sem Limites, que teve por objetivo o cumprimento de prisões e buscas e apreensões de integrantes de organização criminosa responsáveis pela prática de crimes envolvendo a negociação de óleos combustíveis e derivados entre a estatal e trading companies estrangeiras.

Segundo a corporação, após o cumprimento das medidas no final de 2018 e o oferecimento de acusações criminais, executivos ligados a empresas estrangeiras investigadas celebraram acordos de colaboração premiada com o Ministério Público Federal.

“Narraram os executivos das empresas estrangeiras, com base em elementos probatórios por eles apresentados, que funcionários da Petrobras responsáveis pelas negociações de compra e venda de bunker [combustível utilizado no motor dos navios] e diesel marítimo recebiam vantagens indevidas para favorecê-las nas negociações de fornecimento de combustíveis marítimos no varejo para abastecimento dos navios a serviço da Petrobras em portos estrangeiros”, disse, em nota, a Polícia Federal.

De acordo com as investigações, com parte das comissões geradas a partir da celebração das operações comerciais, os executivos realizavam os pagamentos dos funcionários públicos.

“Verificou-se que os funcionários da Petrobras, alvos das medidas judiciais cumpridas na presente data, também repartiam os valores de propina com outros agentes públicos da Gerência Executiva de Marketing e Comercialização já denunciados e investigados no âmbito da Operação Lava Jato”, acrescenta a Polícia Federal.

Segundo a PF, a investigação policial de hoje recebeu o nome de Operação Sem Limites III por vinculação direta com as investigações da Operação Sem Limites (57ª fase da Operação Lava Jato) e Sem Limites II (71ª fase), que fazem alusão à transnacionalidade dos crimes praticados, que ocorreram a partir de operações comerciais envolvendo empresas estrangeiras e com pagamentos de propina no exterior, e a “busca desenfreada e permanente por ganhos de todos os envolvidos, resultando sempre na depredação do patrimônio público”.

Petrobras

Em nota, a Petrobras disse ser vítima dos crimes desvendados pela Operação Lava Jato, sendo reconhecida como tal pelo Ministério Público Federal e pelo Supremo Tribunal Federal.

“A companhia colabora com as investigações desde 2014, e atua como coautora do Ministério Público Federal e da União em 21 ações de improbidade administrativa em andamento, além de ser assistente de acusação em 71 ações penais relacionadas a atos ilícitos investigados pela Operação Lava Jato. Cabe salientar que a Petrobras já recebeu mais de R$ 4,6 bilhões, a título de ressarcimento, incluindo valores que foram repatriados da Suíça por autoridades públicas brasileiras”, diz a nota da empresa.

Segundo a Petrobras, os alvos da operação de hoje não trabalham mais na empresa.

* Matéria atualizada às 12h35 para acrescentar posicionamento da Petrobras

Ouça na Radioagência Nacional: