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Morre no Rio Ubirany, um dos fundadores do grupo Fundo de Quintal

Percussionista tinha 80 anos e foi vítima de complicações da covid-19
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 11/12/2020 - 14:57
Rio de Janeiro

O Grupo Fundo de Quintal perdeu hoje (11) seu percussionista, Ubirany Félix do Nascimento, que estava com covid-19 e morreu aos 80 anos. Ele estava internado há nove dias no Hospital Casa São Bernardo, na Barra da Tijuca, por causa de complicações da contaminação pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

O sambista foi um dos fundadores do grupo Fundo de Quintal no fim da década de 70, a partir das rodas de samba de que costumava participar com amigos do bloco de carnaval Cacique de Ramos. A sede do Cacique, na zona norte da cidade, reunia o mais puro samba carioca e se tornou lugar de encontro de estrelas como Beth Carvalho, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho.

Em seu perfil no Facebook, o Fundo de Quintal postou uma nota oficial lamentando a morte do "querido Ubirany, aos 80 anos de idade”. Na mensagem, a assessoria do grupo diz que informará quando será o velório e o sepultamento de Ubirany. “Pedimos respeito ao luto de amigos e familiares, que se manifestarão em momento oportuno e espontâneo.”

Repique de mão

Percussionista Ubirany
O percussionista Ubirany Félix do Nascimento, um dos fundadores do grupo Fundo de Quintal - Reprodução YouTube/TVBrasil

Em entrevista ao portal de notícias Catraca Livre, há quatro anos, Ubirany contou que foi o criador do repique de mão. Uma das características do Fundo de Quintal, o instrumento logo  passou a ser usado por outros grupos de samba. Além do repique de mão, o Fundo de Quintal influenciou o trabalho de outros músicos com o uso de mais dois instrumentos: o tantã e o banjo com cabo de cavaquinho, esse criado por Almir Guineto, outro fundador do grupo.

“Peguei um repinique do Cacique de Ramos e tirei a pele de um dos lados para que o som não ficasse preso ou abafado. Aí, surgiu a questão de machucar a mão no aro do instrumento, que resolvi rebaixar. Ainda sentia o som sem nitidez, com sobras, então passamos a colocar aquelas travas de madeira que não são nada mais do que abafadores, que ajudam a produzir um som mais limpo. Assim foi criado esse instrumento que está aí até hoje, sem que eu tivesse pensado em qualquer tipo de patente. A maior gratificação mesmo é ver todo mundo curtindo”, explicou Ubirany na entrevista.

A cantora Teresa Cristina postou uma mensagem no seu perfil do Instagram comentando a importância do amigo para o samba e o seu comportamento doce. “Ubirany, o maior dos maiores. Inventor do repique de mão, peça fundamental em qualquer roda de samba. Um verdadeiro gentleman. Sempre sorridente, educado, doce, simpático com todos que cruzavam seu caminho.”

A sambista falou ainda sobre a causa da morte do percussionista. “Esse vírus terrível leva embora um pedaço do subúrbio carioca. Que tristeza! Descanse em paz, mestre!.”

O cantor e compositor Zeca Pagodinho, que frequentava o Cacique no início da carreira, lamentou a morte do amigo. "Depois de tantas outras, essa foi mais uma notícia triste que chegou nesta sexta-feira. O falecimento do Ubirany, o vice do Fundo de Quintal, do Cacique de Ramos, onde cheguei e foi um dos primeiros a me receber de braços abertos. Que Deus o receba também de braços abertos. Vice vai com Deus e vamos levando. Valeu”, diz Pagodinho, em vídeo encaminhado pela sua assessoria de imprensa.