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Bibliotecas e museus foram setores culturais menos conectados em 2020

É o que mostra a pesquisa TIC Cultura 2020
Jonas Valente – Repórter Agência Brasil
Publicado em 17/06/2021 - 10:22
Brasília
Reabertura da biblioteca da Casa do Povo, que possui um acervo de quase 8 mil livros e centenas de moldes de roupas, no Bom Retiro, em São Paulo.
© Rovena Rosa/Agência Brasil

Bibliotecas, museus e bens tombados foram os equipamentos culturais menos conectados em 2020. Os principais motivos para as dificuldades de acesso à internet foram a falta de infraestrutura na região (15% no caso das bibliotecas e 11% no de museus e bens tombados) e os altos custos de conexão (citados por 14% dos administradores das bibliotecas, 10% dos museus e 9% dos bens tombados).

Os dados são da pesquisa TIC Cultura 2020, produzida pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.Br). O estudo foi feito entre fevereiro e agosto de 2020. O levantamento cobriu o período de início e agravamento da pandemia no país, analisando os efeitos da crise no uso de tecnologias da informação e comunicação (TICs) nesse período.

As instituições com maior índice de acesso à internet foram cinemas (99%), arquivos (98%) e pontos de cultura (91%). A disponibilização de wi-fi ao público foi mais relatada entre arquivos (51%) e bibliotecas (47%). A prática foi menos comum entre bens tombados (14%) e museus (37%).

A presença dessas organizações culturais na internet se deu sobretudo por meio de plataformas digitais, como redes sociais a exemplo do Facebook, Instagram ou Twitter. Esse canal de comunicação foi identificado em cinemas (85%), pontos de cultura (82%) e arquivos (62%).

A presença nas plataformas digitais foi maior do que os índices de manutenção de websites. Entre os equipamentos que fazem uso de páginas na web, a maior frequência foi registrada em cinemas (67%), arquivos (58%) e pontos de cultura (43%).  

A principal atividade realizadas pelos equipamentos culturais por meio das TICs foi a oferta de serviços, informações e atendimento ao público (84% em arquivos, 79% em cinemas e 68% em teatros). A venda de produtos ou serviços foi relatada principalmente por cinemas (58%), pontos de cultura (32%) e teatros (27%).

Durante os meses analisados pela pesquisa, houve aumento do uso de telefones e serviços de videoconferência pela internet. Nas atividades de governo eletrônico, equipes de instituições culturais passaram a usar mais as TICs para a busca de informações e para participar de editais de financiamento promovidos por instituições públicas.

A pesquisa destacou a criação e difusão de acervos digitais como um desafio para os equipamentos culturais no país. A existência de acervos foi apontada por praticamente todos os cinemas, arquivos, bens tombados e museus. Desses, o destaque foi dos arquivos, entre os quais 51% disseram disponibilizar acervos digitais ao público pela internet.

Nos pontos de cultura, o índice foi de 42%. Entre as demais organizações analisadas, essa prática foi bem menos comum, como no caso de museus (25%), teatros e cinemas (17%), bens tombados (10%) e bibliotecas (6%).

De acordo com os responsáveis pela pesquisa, o quadro apresentado mostra a importância da conectividade para os equipamentos do setor. “Os resultados da TIC Cultura 2020 apontam a necessidade de investimentos em infraestrutura tecnológica e conectividade nas instituições culturais”.

Os gestores das instituições analisadas relataram a dificuldade de obtenção de recursos para o investimento em TICs e a baixa capacitação dos funcionários no uso dessas tecnologias. “Essas são barreiras a serem consideradas para a oferta de bens e serviços e o desenvolvimento de atividades no ambiente digital, demandas amplificadas em decorrência da pandemia de covid-19”, afirmaram no levantamento.