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Trabalhadores encerram greve na Avibras e pedem estatização da empresa

Empresa se recusou a cancelar demissões
Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 22/03/2022 - 20:34
São Paulo

Trabalhadores da Avibras Indústria Aeroespacial, empresa brasileira fabricante de equipamentos bélicos e de defesa civil, encerraram hoje (22) greve de 24 horas após conseguirem dois meses de estabilidade no emprego para todos que permanecem na fábrica, além do pagamento do dia de paralisação. A proposta da empresa foi aprovada em assembleia, nesta terça-feira. 

A greve começou ontem (21) como reação às demissões de 420 trabalhadores ocorridas na sexta-feira (18). Além disso, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial.
“Fica um ponto de interrogação na cabeça de todos os trabalhadores, se vão seguir empregados ou não. Foram todos pegos de surpresa e as demissões ocorreram em todos os setores”, disse o presidente do Sindicato Metalúrgicos de São José dos Campos, Weller Gonçalves, no dia da deflagração da greve

Na negociação com o sindicato, a Avibras se recusou a cancelar as demissões. Por isso, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, a luta pela volta de todos os trabalhadores continua. Antes da demissão em massa, a fábrica tinha 1,5 mil funcionários.

Os trabalhadores demitidos saíram em passeata, na manhã desta terça-feira, como parte das ações para reverter as 420 demissões. 

O sindicato informou que ingressou com uma ação civil pública na Justiça do Trabalho, ontem (21), para reverter as demissões. Na ação, o sindicato solicita com urgência a concessão de uma liminar que suspenda todas as demissões realizadas pela Avibras. 

Nesta terça (22), a Justiça deu prazo de 48 horas para que a empresa se manifeste sobre os desligamentos. Após o prazo, o Ministério Público do Trabalho também terá 48 horas para se manifestar, conforme informações do sindicato.

Estatização

O sindicato iniciou uma campanha pela estatização da Avibras e enviou ontem pedido de reunião com os governos federal, estadual e municipal para tratar do assunto.

“Uma empresa como a Avibras, que é estratégica para o país, não pode ficar nas mãos do capital privado. O setor de defesa depende de recursos do governo e os grandes beneficiados são os acionistas. O Governo Federal tem o dever de dar início ao processo de estatização da Avibras”, afirmou o presidente do sindicato, Weller Gonçalves. 

O porta-voz da empresa, o advogado Nelson Machado, disse que é contrário à proposta defendida pelo sindicato de estatização. “Não tem necessidade. A empresa consegue se segurar com as próprias pernas. Já passou por recuperação judicial antes, em 2008. Temos convicção que essa recuperação também será exitosa e vai conseguir resolver a situação, em prazo curto”, afirmou.

Machado acrescentou que o faturamento da empresa é oscilante. “A empresa faz contratos muitos grandes e depois leva tempo para fazer outros e efetivar o que já está contratado”.

O advogado acrescentou que as demissões foram necessárias, no momento. Mas, no futuro, os empregados podem ser recontratados.

Matéria atualizada, às 10h15 de 23 de março de 2022, para acrescentar posicionamento da empresa.