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Policial civil denunciado por lavagem de dinheiro é preso no Rio

Ele é acusado ainda de agiotagem e fraude em licitação
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil*
Publicado em 06/06/2022 - 09:57
Rio de Janeiro
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
© Divulgação/MP-RJ

Um policial civil foi preso hoje (6), durante operação do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). O agente foi denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro, agiotagem e fraude em licitação. Além da prisão, a operação foi para as ruas a fim de cumprir mandados de busca e apreensão em 11 endereços ligados ao policial.

De acordo com a denúncia do MPRJ, ele dissimulou a utilização de bens e valores resultantes das infrações penais, adquiriu, recebeu, negociou e transferiu a propriedade de bens no município de Bom Jesus do Itabapoana, no noroeste fluminense. Conforme o MP, ao longo das investigações, diligências preliminares feitas pelo Grupo de Apoio aos Promotores mostraram que “o denunciado era sócio de inúmeras empresas, tinha veículos luxuosos e residia em uma casa de alto padrão localizada no Centro de Bom Jesus do Itabapoana”

As apurações mostraram ainda que o policial praticou uma série de irregularidades durante dez anos. “Todas voltadas ao incremento de seu patrimônio, incompatível com os ganhos advindos da atividade de policial civil”, disse o MP, acrescentando que o agente ainda “manipulou parentes e pessoas próximas e se valeu de negociatas escusas. A maioria das empresas do policial civil e de seus parentes era considerada de fachada”, completou.

Nas conversas travadas em interceptação telefônica autorizada pela Justiça ficaram evidentes outras ilicitudes. O MP informou que nos áudios fica clara a aproximação do denunciado com políticos da região.

Além disso, segundo o MPRJ, o policial seria graduando em medicina na Universidade Nova Iguaçu (Unig), na Baixada Fluminense. No entanto, para os promotores, havia aparente incompatibilidade geográfica e temporal entre a graduação de medicina, de turno integral, e o desempenho da atividade de policial civil. “No ano de 2016, quando o denunciado iniciou a faculdade em Itaperuna, esteve lotado em Italva, Campos dos Goytacazes e Bom Jesus do Itabapoana, municípios distantes da sede da Unig”.

A assessoria da Unig informou, na terça-feira (7), que o agente não se formou, nem está cursando medicina. A instituição disse que o policial fez apenas quatro períodos do curso de medicina na universidade, nos anos de 2016 a 2017. “Logo, [ele] não concluiu a graduação, e não se formou de maneira fraudulenta na universidade, como tem sido noticiado. A matrícula do aluno foi trancada em 2018, após ele ter sido reprovado no 4° período no final de 2017”, informou a Unig.

De acordo com a Secretaria de Estado de Polícia Civil, “a Corregedoria-Geral da Polícia Civil instaurou dois processos administrativos disciplinares contra o servidor e contribuiu com informações para a ação do Ministério Público”. As investigações em relação à conduta do agente estão em andamento.

Ouça na Radioagência Nacional:

 

*Matéria alterada às 11h18 de 8 de junho de 2022 para acrescentar informações da Unig.