logo Agência Brasil
Geral

Com novos projetos, diretora de cinema Tetê Moraes chega aos 80 anos

Novo documentário da cineasta aborda preconceito contra os mais velhos
Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 22/01/2023 - 12:33
Rio de Janeiro
Cineasta Tetê Moraes, que completa 80 anos ,com exibição gratuita de seu primeiro longa
© George Maragaia/ divulgação

A cineasta brasileira Tetê Moraes completa 80 anos neste domingo (22), cheia de novos projetos. A data começa a ser festejada segunda-feira (23), com a exibição gratuita de Lages, a Força do Povo, primeiro longa-metragem de Tetê, no Estação Net Rio, em Botafogo, zona sul da cidade, às 20h, com cópia remasterizada e digitalizada.

O documentário, que aborda a experiência de uma administração municipal democrática e participativa, na cidade catarinense de Lages, no período de 1977 a 1982, foi filmado logo após o retorno de Tetê do exílio, em 1982, e o início da redemocratização no país.

A exibição do longa será precedida por um bate-papo mediado pela atriz Lucélia Santos, que integrou a equipe de transição do governo Lula na área de cultura, pela própria Tetê Moraes e pelo cineasta Noilton Nunes, cujo curta-metragem Leucemia 78 – O Filme da Anistia também será exibido na ocasião.

A premiada documentarista Tetê Moraes atendeu convite da produtora Juliana de Carvalho, da Bang Filmes, e decidiu reunir mulheres com idades semelhantes, para conversar sobre a experiência da passagem do tempo e saber como elas estão vivenciando esse momento. Os encontros serão transformados no documentário Mulheres Maravilhosas, que inclui relatos de mulheres famosas e anônimas, de raças e classes sociais diferentes, para falar de suas experiências de vida.

A produtora Juliana de Carvalho adiantou que serão abordadas desde “ideias expostas por Simone de Beauvoir [escritora francesa] no seu famoso e precursor livro O Segundo Sexo, até a atriz norte-americana Jane Fonda em O Melhor Momento, passando por Graça Graúna, Conceição Evaristo, Fernanda Montenegro, Marieta Severo, Mirian Goldenberg, Heloisa Buarque de Hollanda, Ana Claudia Quintana Arantes, Helena Celestino, Renata Correa e Rosiska Darcy de Oliveira, entre outras”.

Tetê Moraes se disse animada com o novo projeto, em que abordará um tema muito discutido atualmente, que é o etarismo, ou preconceito contra os mais velhos. Tetê comentou que, 40 anos após seu primeiro longa, o Brasil está vivendo um momento semelhante ao daquela época. “Apesar de não estarmos vivendo uma redemocratização e uma redescoberta do país, é como se fosse. Pois tivemos um desmonte muito sério nos últimos anos em vários setores como a cultura, a saúde, o meio ambiente e a educação, além do fascismo que imperou no Brasil.” 

Experiência

Nascida no Rio de Janeiro em 1943, Tetê formou-se em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1966, iniciando carreira profissional no jornalismo. Presa pela ditadura militar, partiu para o exílio, morando no Chile, nos Estados Unidos, na França e em Portugal. Com a anistia, retornou ao Brasil em 1979 e tornou-se professora do Departamento de Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Estreou no cinema dirigindo o curta-metragem Quando a Rua Vira Casa, em 1981. No ano seguinte, veio o primeiro longa-metragem, Lages, a Força do Povo. Tetê Moraes dirigiu e produziu obras, como a série Brazil, Brazil, de 1985, para a BBC e outras emissoras de televisão europeias.

A consagração veio em 1987, com Terra para Rose, documentário sobre a luta pela reforma agrária, com narração de Lucélia Santos, que ganhou o prêmio de melhor filme nos festivais de Cinema de Brasília e de Havana.