Cinema: Festival de Brasília exibe produções em 4k pela primeira vez
A organização da sociedade civil Amigos do Futuro e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal anunciaram, nesta quarta-feira (29), que a 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro exibirá, pela primeira vez, todos os filmes com a tecnologia 4K. A ultra definição das produções deverá apresentar melhor qualidade nas telas, com imagens mais nítidas e detalhadas. O anúncio foi feito na divulgação da programação da edição do festival, o mais antigo no Brasil. Com o tema Na Casa do Cinema Brasileiro, o evento será entre 9 e 16 de dezembro.
Na entrevista coletiva à imprensa, no Cine Brasília, o presidente da edição do evento, Fernando Borges, comentou sobre os investimentos em tecnologia de ponta, inclusive com o novo sistema de processamento de áudio específico (Dolby) para salas de projeção, o que deve aumentar o nível do festival.
“É algo que nunca aconteceu e isso nos elenca, inclusive, a nível Brasil, junto aos grandes festivais. A gente teve que reconfigurar a nossa estratégia de aplicação dos recursos do edital [do Governo do Distrito Federal] para que a gente fizesse um investimento alto para trazer essa tecnologia 4k.
Os organizadores explicaram, ainda, que os filmes produzidos com qualidade inferior a 4K serão adaptados à nova tecnologia digital.
Recorde
A 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro registrou recorde de filmes inscritos: 1.269 títulos, sendo 984 curtas e 285 longas, vindos de todas as cinco regiões do Brasil.
Entre os filmes inscritos, 50,5% foram produzidos na região Sudeste; 21,6% são do Nordeste; 16,8%, Centro-Oeste; 11,5%, do Sul; e 3,5%, do Norte. Os estados que lideram o número de filmes inscritos foram São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco.
A organização do festival aponta que a direção dos filmes ficou a cargo de homens em 60,7% dos filmes, e de 0,9% de homens trans. As diretoras mulheres representaram 35,6%, e 0,6% mulheres trans. As pessoas não binárias dirigem 3,4% das produções.
A diretora artística, curadora do festiva de Brasília e também diretora e atriz Anna Karina de Carvalho comemorou a diversidade de expressões brasileiras refletidas nos filmes, inclusive com produção indígena.
“A pluralidade de vozes reflete a diversidade de quem está por trás das câmeras, essencial em um país de tantas realidades. Em tela, o urbano e o rural, as ruas e as praias, o palco e a floresta, espaços cotidianos de vivência e sobrevivência que ganham novos contornos e significados e se engrandece, quando assimilados, traduzidos e vistos assim por nós, em conjunto”, disse Anna Karina em nome das comissões julgadoras de produções de longa e de curta metragens. “Esta não é a totalidade, mas, é um pequeno recorte dela, naquele tempo e naquele lugar, com tanto a dizer e muito a permanecer”, dimensiona Anna Karina.
Homenagem
Neste ano, o Festival de Brasília homenageia o ator Antonio Pitanga, de 84 anos. Na noite de abertura do evento, em 9 de dezembro, o artista receberá a estatueta Candango pelo conjunto da obra, para celebrar a carreira artística de cerca de seis décadas. Em vídeo, o ator Antonio Pitanga agradeceu antecipadamente a homenagem. “O festival É sempre uma grande tribuna política, social e cultural. Ser homenageado neste festival traz um afago ao coração, de uma carreira com mais de 64 anos, fazendo mais de 80 filmes. É uma alegria ser homenageado em vida, neste festival que é histórico e tem referência no mundo”.
Programação
Nesta quarta-feira, a comissão organizadora do 56º Festival de Brasília apresentou os títulos, equipe de direção e a sinopse dos mais de 50 filmes selecionados para o evento. Conheça aqui as obras e a trilha sonora desta edição do festival brasiliense.
Durante os oito dias do evento, serão exibidos seis longas-metragens e 12 curtas-metragens participantes da Mostra Competitiva Nacional, que concorrerão ao Troféu Candango, entregue na cerimônia de encerramento, no Cine Brasília.
Além destes, outros quatro longas e oito curtas foram anunciados como concorrentes ao 25º Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal, na Mostra Brasília, voltada às produções do DF. Os vencedores serão escolhidos pelo júri técnico e pelo voto popular.
A programação do festival também contará com mais 20 títulos nas três mostras paralelas: Outros Olhares, Coproduções e Festivalzinho.
“A programação fecha o ano de 2023 com um suco narrativo de Brasis”, destaca a diretora artística Anna Karina.
Segundo a diretora, o título do filme de abertura será anunciado na próxima semana.
A programação do festival também será composta por cinco oficinas de formação, no formato online, por meio da plataforma Zoom (de 11 a 15 de dezembro), seminários e encontros setoriais, masterclass, atividades de aceleração de projetos para o mercado, painéis que vão discutir, entre outros, a reconstrução do cinema brasileiro, as articulações em torno da Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar 195/2022), a recuperação do setor audiovisual e a retomada das políticas setoriais.
A programação completa estará disponível, em breve, do hotsite do 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, com a ficha técnica de cada um dos filmes concorrentes à premiação candanga e dos participantes das mostras.
Acessibilidade
Outra novidade do festival de cinema da capital federal é a ampliação da acessibilidade. A organização do festival apontou que 55,6% dos filmes inscritos já contam com recursos de acessibilidade.
De acordo com Fernando Borges, a acessibilidade do festival seguirá o conceito 360º, com tradução para Língua Brasileira de Sinais (Libras), nas cerimônias de abertura e encerramento do evento; equipe especializada para atender e guiar as pessoas com deficiência presentes; e estrutura específica para garantir o fluxo de pessoas com mobilidade reduzida em todo o espaço físico do festival.
Os filmes terão legenda descritiva para pessoas surdas e audiodescrição para pessoas cegas, acessíveis por aplicativo de celular. E ainda estão agendadas sessões exclusivas com acessibilidade no Festivalzinho. “Nem todos os filmes dispunham dessa entrega. Mas com esse nosso investimento, deixamos isso, um legado para as obras.”
Fomento e incentivo
O investimento do governo do Distrito para realização do festival foi de R$ 2,75 milhões, maior que os R$ 2 milhões disponibilizados pelo edital do festival de 2022.
O secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Claudio Abrantes, explicou que a gestão dele quer planejar antecipadamente e estruturar melhor o festival, para que o evento tenha protagonismo nos próximos anos e movimente toda cadeia de produção do audiovisual, com a geração de empregos e oportunidades na cidade.
“Nós estamos olhando e planejando um festival que seja estudado, trabalhado, que a classe audiovisual seja ouvida, que as instituições que operam e que o fizeram tragam suas impressões. Acima de tudo, que a gente olhe para esse festival como um bem cultural da nossa capital da República e, portanto, merece todos o zelo, trabalho, estudo e planejamento”, frisa o secretário.
Serviço - 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Data: 9 e 16 de dezembro
Valor do ingresso: R$20 (inteira); R$ 10 (meia entrada), no Cine Brasília.
Venda limitada a dois ingressos por pessoa
Formas de pagamento: cartões de crédito e débito, dinheiro e PIX;
Ingressos gratuitos nas demais localidades do festival, como os Complexos Culturais de Samambaia e Planaltina.