Mediadores se reúnem no Catar em último esforço para trégua em Gaza
As negociações para acertar os detalhes finais de um acordo de trégua na Faixa de Gaza foram retomadas nesta terça-feira (14) no Catar. Autoridades indicam que as negociações estão na "fase final" e que um acordo deve ser fechado "muito em breve".
Mais de 15 meses após o início da guerra em Gaza, o acordo entre Israel e o Hamas prevê cessar-fogo e libertação de reféns, segundo adiantaram fontes próximas às negociações.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Catar, Majed al-Ansari, anunciou que as negociações estão “na fase final” e que um acordo é esperado “muito em breve”.
“Acreditamos que nós [Catar] fomos capazes, por meio de negociações e por meio dos nossos parceiros no Egito e nos Estados Unidos, de minimizar muitas das divergências entre ambas as partes”, disse Majed al-Ansari.
“Tudo o que podemos dizer é que hoje estamos mais próximos de um acordo do que em qualquer outro momento no passado”, acrescentou.
Os mediadores entregaram a Israel e ao Hamas o rascunho final de um acordo na segunda-feira, após um "avanço" nas negociações.
Uma fonte palestina disse à Reuters que esperava que o acordo fosse finalizado nesta terça-feira se "tudo correr bem".
Ontem, presidente norte-americano, Joe Biden, também disse que um acordo para um cessar-fogo na Faixa de Gaza está “prestes” a ser alcançado.
"Estamos prestes a ver uma proposta que apresentei há vários meses finalmente ser concretizada", disse Biden em discurso, afirmando que o seu governo trabalha "para fechar o acordo" antes de entregar o cargo a Donald Trump.
“Está muito perto e estamos muito esperançosos de que finalmente cruzaremos a linha de chegada, depois de todo este tempo”, disse Biden.
"O acordo libertaria os reféns, interromperia os combates, forneceria segurança a Israel e permitiria aumentar significativamente a assistência humanitária aos palestinos que sofreram terrivelmente nesta guerra que o Hamas começou", disse Biden.
O que se sabe sobre o acordo?
Os meios de comunicação israelenses divulgaram detalhes do possível acordo de cessar-fogo que, tudo indica, estará dividido em três etapas.
Na primeira fase, 33 prisioneiros israelenses mantidos em Gaza serão libertados, incluindo crianças, mulheres, algumas mulheres de soldados, homens acima dos 50 anos e feridos e doentes. Em troca, Israel libertará prisioneiros palestinos.
A segunda fase começará 16 dias após o cessar-fogo e terá foco nas negociações para libertar os restantes dos reféns, ou seja, homens e soldados.
Por fim, a terceira etapa do acordo abordará termos de longo prazo, incluindo discussões sobre o estabelecimento de um governo alternativo em Gaza e planos para reconstruir a região.
De acordo com alguns relatos da imprensa, Israel poderá manter uma "zona-tampão" na Faixa de Gaza durante a primeira fase. O exército "não deve se retirar de Gaza até que todos os reféns sejam libertados, mas permitirá que os moradores se desloquem entre o sul e o norte de Gaza", adiantou o jornal Haaretz.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que a bola está do lado do Hamas. Blinken vai apresentar nesta terça-feira o plano para a reconstrução e para o Governo de Gaza depois da guerra.
O plano que Blinken deixa como legado, em sua última semana à frente da diplomacia dos Estados Unidos, será apresentado em um discurso no Conselho do Atlântico. O detalhes devem ser posteriormente trabalhados pela nova administração de Donald Trump.
Os EUA pressionam para um último esforço nas negociações com o objetivo de alcançar o cessar-fogo em Gaza ainda antes da saída de Joe Biden da Casa Branca, no próximo dia 20.
No entanto, até agora ainda não foi possível chegar a um entendimento, e as duas partes se acusam mutuamente de impedir o avanço de um acordo.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, já avisou que o “inferno vai explodir no Médio Oriente” se o Hamas não libertar os reféns antes de sua posse.
Pressão interna
Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enfrenta pressão interna, com vários membros do seu partido de extrema-direita exigindo sua demissão caso o acordo seja aprovado.
O ministro israelense da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, ameaçou hoje abandonar o governo caso Netanyahu concorde com o acordo de trégua em Gaza.
"Durante o ano passado, usando o nosso poder político, conseguimos impedir que este acordo fosse aprovado", disse o líder do partido ultranacionalista Poder em uma mensagem divulgada nas redes sociais.
Ben Gvir qualificou a proposta de trégua, que prevê a libertação gradual de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos de "horrível" e uma "rendição" diante do Hamas, apelando hoje aos aliados de extrema-direita para que ajudem a travar o cessar-fogo.
Itamar Ben Gvir pediu ao ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, para que "informe o primeiro-ministro, de forma clara e firme, que se o acordo for aprovado" não resta outra saída a não ser a demissão.
Smotrich rejeitou na segunda-feira a proposta de tréguas que está sendo negociada no Catar, mas não se comprometeu a abandonar o governo de coligação, tal como Ben Gvir lhe pede.
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