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Internacional

Com presença de deputada opositora da Venezuela, OEA tem sessão privada

Leandra Felipe - Correspondente da Agência Brasil/EBC
Publicado em 21/03/2014 - 17:23
Bogotá

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O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) decidiu não transmitir pela internet a sessão realizada na tarde de hoje (21) na sede da instituição em Washington, nos Estados Unidos. A presença da imprensa também não é permitida. Representantes dos países manifestaram posição contrária e favorável ao fato de a reunião ser fechada, devido à presença da deputada opositora da Venezuela María Corina Machado, que foi convidada pelo Panamá.

O objetivo do Panamá é ceder a palavra a María Corina, para que ela possa relatar a situação na Venezuela, do ponto de vista dos movimentos opositores. Geralmente as reuniões ordinárias do Conselho da OEA são públicas, com presença de jornalistas e transmitidas pela internet.

Diante da possibilidade de participação da opositora, a Nicarágua pediu que a reunião fosse privada e o Panamá pediu que a sessão fosse pública. Na decisão, por votos, a Venezuela teve o respaldo de 21 países, a maior parte do Caribe, além da Argentina, Bolívia, do Brasil, da Bolívia e do Uruguai. Alguns países se abstiveram de votar.

Com a reunião ainda em andamento, não é possível saber se a deputada opositora poderá ou não se manifestar durante a reunião. María Corina conversou com a imprensa antes da sessão e criticou o que considera “manobra” da diplomacia venezuelana para impedir que a sessão fosse transmitida. “Se algo está claro hoje é que o regime [governo] de Maduro tem medo de que se conheça a verdade.”

Ela também pediu uma reunião com chanceleres de países que fazem parte da OEA para que seja aprovada uma resolução que condene os ataque à liberdade de imprensa, que, segundo ela, são frequentes.

A deputada viajou a Washington a convite do embaixador do Panamá, Arturo Vallarino, com um grupo de venezuelanos, entre eles estudantes e parentes de pessoas mortas nos protestos das últimas semanas.

María Corina é considerada pelo governo uma das responsáveis por um plano de golpe de Estado, conhecido no país como “a saída”. A ideia seria derrubar o governo de Nicolás Maduro, por meio de manifestações constantes, como as que ocorrem há cinco semanas no país. Para o governo, a parlamentar apoiou o opositor Leopoldo López, da Vontade Popular, na "construção” do plano golpista. López está preso há mais de um mês. Ele e María Corina negam a existência de um plano desestabilizador e defendem que as manifestações são legítimas aspirações populares.

No começo deste mês, o Panamá pediu que a OEA promovesse um debate sobre a situação na Venezuela e decidisse sobre o envio de uma comissão especial do organismo ao país. Depois disso, o governo Maduro rompeu relações diplomáticas com o governo panamenho e declarou que não negociará mais as dívidas que tem com o país. "Vamos pagar diretamente às empresas, sem a intermediação do governo", afirmou o presidente.

Também foram feitas gestões por parte da chancelaria venezuelana para que o organismo não atue diretamente na crise do país. A OEA desistiu de convocar a reunião e de enviar uma comissão ao país. A decisão foi comemorada pelo governo venezuelano, que considerou a desistência uma vitória da soberania na região. Mas, esta semana, o México e os Estados Unidos voltaram a defender que o tema seja tratado pelo Conselho Permanente do organismo e o Panamá convidou a deputada opositora para se pronunciar no colegiado.

Na próxima semana, entre os dias 25 e 26, uma comissão de chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) irá a Caracas para participar da Conferência de Paz convocada pelo governo e para apoiar o país na busca do diálogo. Maduro diz que o bloco sul-americano é o único organismo externo do qual aceita ajuda.

Com 31 mortes confirmadas e mais de 400 pessoas feridas, a Venezuela ainda registra protestos, apesar dos chamados do governo e realizações de conferências de paz. A oposição não aceita dialogar nos termos e nas condições propostos pelo governo Maduro e diz que não há entendimento enquanto houver pessoas detidas.

Ontem (20) um prefeito opositor foi preso por incitar a rebelião civil e a Justiça emitiu uma ordem de prisão de outro prefeito opositor por descumprir a decisão de impedir a formação de barreiras em avenidas por opositores.