Estados Unidos e Cuba voltam a negociar reaproximação diplomática
Representantes dos Estados Unidos (EUA) e de Cuba retomam sexta-feira (27) as negociações para o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, anunciado em dezembro do ano passado. Depois do primeiro encontro em Havana, em 21 e 22 de janeiro, a segunda rodada de negociações está agendada para a sede do Departamento de Estado, em Washington.
Tal como aconteceu na capital cubana, a delegação norte-americana será chefiada pela secretária adjunta para os Assuntos do Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson, e a cubana, pela diretora-geral para os EUA do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Josefina Vidal. As conversações vão incidir “sobre matérias relacionadas com a reabertura de embaixadas, incluindo as funções dos diplomatas” nos dois países, informou o Departamento de Estado norte-americano, em comunicado.
“É de interesse dos dois países restabelecer relações diplomáticas e reabrir embaixadas. A embaixada norte-americana em Havana permitirá que sejam promovidos de forma mais eficaz os interesses e valores dos Estados Unidos, e aumentar o envolvimento [do povo norte-americano] com o povo cubano”, indicou a diplomacia norte-americana, na mesma nota informativa. Segundo o Departamento de Estado, em razão da complexidade do processo, o restabelecimento das relações diplomáticas requer mútuo acordo dos governos.
Durante o último mês, grupos de congressistas norte-americanos viajaram até a ilha liderada por Raúl Castro para conhecer a atual situação do país e para conversar com as autoridades e representantes civis cubanos.
A administração do presidente democrata Barack Obama já suavizou algumas das restrições relacionadas às viagens dos norte-americanos para a ilha e, em meados deste mês, anunciou que autorizava importações de alguns bens e serviços do setor privado de Cuba, mas com importantes exceções, como é o caso dos produtos animais e vegetais, álcool e tabaco, minerais ou produtos químicos e têxteis.
No Congresso norte-americano, que já realizou várias audiências sobre o assunto, foram apresentados dois projetos de lei para regular o clima de abertura entre os dois países: um dos textos aborda a autorização de viagem de cidadãos norte-americanos para Cuba, enquanto o outro é mais abrangente e visa ao fim do embargo comercial, imposto há mais de meio século. Nenhum dos textos foi ainda submetido à discussão dos legisladores do Congresso.
O governo de Raúl Castro espera que Washington levante o embargo econômico, comercial e financeiro contra Cuba. Para os Estados Unidos, um dos temas mais delicados é o dos direitos humanos, assim como o das liberdades em Cuba. Apesar de Havana ter libertado mais de meia centena de presos políticos, alguns ativistas cubanos têm denunciado que o governo castrista continua a fazer detenções arbitrárias e a violar os direitos humanos.
As conversações entre Havana e Washington surgem depois de Obama e Castro terem anunciado, simultaneamente, em 17 de dezembro do ano passado, uma aproximação histórica entre os dois países. O anúncio surgiu após 18 meses de negociações secretas entre Washington e Havana. O embargo econômico, comercial e financeiro a Cuba foi imposto pelos Estados Unidos em 1962, depois da fracassada tentativa de invasão da ilha em 1961, que ficou conhecida como o episódio da Baía dos Porcos.
*Com informações da Agência Lusa