Governo canadense propõe combater Estado Islâmico na Síria
O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, defendeu a proposta do governo de estender a missão militar que atua no Iraque por mais um ano e expandir as ações ao território sírio. Ele fez um pronunciamento hoje (24) ao parlamento do Canadá, em Ottawa, capital do país.
Segundo ele, a ameaça do grupo extremista Estado Islâmico resiste ao combate da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, que inclui a Grã-Bretanha, a Austrália e a Alemanha, entre outros países. Harper destacou que os jihadistas não representam risco apenas na região onde se dá a guerra, mas também em outros países, incluindo o Canadá, alvo de dois atentados praticados por extremistas no ano passado.
“O território controlado pelo Estado Islâmico é substancial e a sua liderança sobre a rede de jihadistas continua”, disse o primeiro-ministro. “Como o grupo Estado Islâmico ameaçou, ataques foram feitos em várias partes do mundo, especialmente aqui no Canadá”. Harper referia-se à invasão do Parlamento, em outubro do ano passado, por um canadense radical islâmico.
A missão militar do Canadá no Iraque envolve ajuda humanitária e logística; vigilância, combate aéreo e treinamento de tropas. Cerca de 600 militares foram destacados para a operação, que não inclui o combate em terra. O prazo para participação na missão termina no fim deste mês.
Em pronunciamento na Câmara dos Comuns, Harper disse que as razões para o Canadá continuar na guerra contra o Estado Islâmico até março de 2016 e incluir a Síria como território de combate são as mesmas que levaram o país a se juntar à coalizão internacional em 2014. “Queremos enfraquecer a capacidade do Estado Islâmico de participar de movimentos militares de larga escala; de usar bases militares livremente; de ampliar sua presença na região e multiplicar ataques em territórios fora da região”, afirmou.
“O governo reconhece que a base de poder do Estado Islâmico fica na Síria. Os combatentes do grupo e seus equipamentos pesados trafegam livremente pela fronteira entre o Iraque e a Síria, em parte para escapar dos ataques aéreos da coalizão”, explicou.
Harper disse que, para chegar à Síria, o governo canadense não pretende buscar o consentimento do país árabe, mas sim a cooperação com os Estados Unidos e outros aliados que atuam na região. A missão deve evitar o combate por terra, restringindo-se aos ataques aéreos.
Os dois principais líderes da oposição ao governo não apoiam a proposta. Thomas Mulcair, do Novo Partido Democrático, foi enfático: “Não é uma missão da ONU [Organização das Nações Unidas]. Não é sequer uma missão da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”.