Governo britânico anuncia referendo sobre manutenção do Reino Unido na UE
O governo britânico anunciou hoje (27) uma proposta de lei para a organização até o final de 2017 de um referendo sobre “a manutenção ou não” do Reino Unido na União Europeia (UE). O anúncio foi feito durante discurso da rainha no Parlamento. O tradicional discurso, lido pela rainha, mas redigido pelo governo, apresenta o programa legislativo para os próximos cinco anos e marca a abertura da sessão parlamentar.
“Será apresentada uma lei para organizar um referendo sobre a manutenção, ou não, [do Reino Unido] na União Europeia até o final de 2017”, disse a rainha Elizabeth II. O referendo pode ser realizado a partir de 2016, mas só depois de concluída uma fase de negociações sobre as condições de permanência do país na UE, segundo o programa.
“O governo renegociará a relação do Reino Unido com a União Europeia e prosseguirá a reforma da União Europeia para benefício de todos os Estados-membros”, leu a rainha.
Os pormenores da lei serão oficialmente apresentados aos deputados amanhã (28), à exceção da data exata do referendo. Posteriormente, logo no início de junho, segundo a imprensa, a lei será discutida na Câmara dos Comuns – que equivale à Câmara dos Deputados no Brasil.
Segundo a BBC, a pergunta que será colocada aos britânicos é: “O Reino Unido deve continuar a pertencer à União Europeia?”.
David Cameron, que venceu as eleições de 7 de maio com maioria absoluta, prometeu, ainda antes da campanha eleitoral, realizar o referendo.
Outra medida constante do programa apresentado pela rainha Elizabeth é a devolução de “uma ampla gama de poderes” à Escócia, prometida por Cameron após a vitória do ‘não’ no referendo escocês sobre a independência do Reino Unido realizado em setembro.
Elizabeth II anunciou também que o governo vai apresentar uma lei para congelar os impostos pagos pelas famílias até 2020. “Será apresentada uma lei […] para assegurar que não haverá subidas do imposto sobre o rendimento, do imposto sobre o valor acrescentado (IVA) ou das contribuições sociais nos próximos cinco anos”, disse.
O governo prevê por outro lado que os trabalhadores que ganham o salário mínimo fiquem isentos de imposto na remuneração das primeiras 30 horas de trabalho de cada semana.
Estas medidas são compensadas com outras de redução da despesa, que deverão sofrer um corte de 12 bilhões de libras (17 bilhões de euros) ao ano.
O programa prevê ainda novas medidas para impedir a atividade de “organizações extremistas” envolvidas na radicalização de ‘jihadistas’ e um polêmico projeto sobre dados pessoais dos cidadãos, que pode vir a obrigar as operadoras telefônicas e os fornecedores de internet a fornecer este tipo de informação.