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Internacional

Brexit: entenda o que está em jogo no referendo sobre saída do Reino Unido da UE

A escolha ocorre nesta quinta-feira (23), e o resultado está previsto
Marieta Cazarré - Correspondente da Agência Brasil
Publicado em 22/06/2016 - 10:51
Lisboa
População do Reino Unido decide amanhã (23) sobre permanência na União Europeia
© EPA/Patrick Seeger
População do Reino Unido decide amanhã (23) sobre permanência na União Europeia

População do Reino Unido decide amanhã (23) sobre permanência na União Europeia. Na foto, bandeiras de países-membros da UEEPA/Patrick Seeger

O termo Brexit é a união das palavras Britain (Grã-Bretanha) e Exit (saída, em inglês). O que está em discussão atualmente no Reino Unido é a permanência ou não como membro da União Europeia (UE). As nações do Reino Unido são a Inglaterra, a Irlanda do Norte, a Escócia e o País de Gales.

A saída ou não da UE é um assunto que já faz parte das discussões na política britânica há algum tempo e divide a população. Em maio de 2015, o governo anunciou o referendo e, em fevereiro deste ano, David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido, marcou a data de 23 de junho para a escolha. O resultado deve ser divulgado nas primeiras horas de sexta-feira (24).

O Reino Unido faz parte da Comunidade Europeia desde 1973, mas sempre manteve algumas posições, como a de não aderir ao euro – mantendo como moeda nacional a libra –, e de não aderir ao Acordo Schengen, tratado de livre circulação de pessoas em territórios europeus.

A favor da saída

Entre os que defendem a saída do Reino Unido da União Europeia, um dos principais argumentos é econômico. Eles afirmam que, com o Brexit, o Reino Unido ficaria livre para estabelecer relações comerciais com outros países, por exemplo, a China. Os favoráveis ao Brexit afirmam que a taxação sobre as exportações para países de fora da UE é extremamente alta.

Outro ponto é que o Reino Unido não teria que enviar dinheiro a Bruxelas – o equivalente a 440 milhões de euros semanais –, para contribuir com o Orçamento europeu. O dinheiro poderia ser usado em pesquisa científica e novas indústrias, dizem os defensores do Brexit.

Além disso, os defensores da saída alegam que o Reino Unido poderá, caso saia da UE, alterar as políticas de migração e criar seu próprio regulamento para a entrada de refugiados. Esse último ponto é muito polêmico e tem muito peso na votação, em um momento de grave crise migratória e em que os países europeus não conseguem chegar a um acordo sobre como deve ser a política para os refugiados.

Contra a saída

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, confirmou que a posição oficial do governo britânico será defender a continuidade do país numa Europa reformulada.

Os argumentos dos que desejam permanecer na União Europeia são de que o Reino Unido, enquanto membro do bloco, está livre de pagar tarifas de exportação, o que reduz a burocracia e permite com que 45% das exportações britânicas sejam para dentro da UE. Outro ponto é que a participação na UE propicia a livre circulação de trabalhadores, de dinheiro e de produtos.

Para os que querem ficar na UE, deixar o bloco não significa que a imigração cairá, pois países de fora têm maiores índices de imigrantes, incluindo pessoas vindas da própria UE.

Alguns analistas afirmam que o assassinato da deputada Jo Cox, na semana passada, pode ter um grande peso nessa decisão sobre o Brexit. Cox foi morta a tiros e facadas por um homem com problemas mentais e supostas ligações a grupos neonazistas. Ela defendia os direitos dos migrantes e refugiados e a permanência do Reino Unido na União Europeia. Algumas pesquisas já afirmam que, após a morte dela, o número de pessoas que votarão pela permanência da União Europeia já ultrapassou os que optaram pela saída.