Jornais da Europa anunciam vitória de Trump e preveem desdobramentos
O mundo despertou hoje (9) com a notícia de que Donald Trump será o novo presidente dos Estados Unidos. Na Europa, os meios de comunicação, além de atualizar, minuto a minuto, a contagem dos votos, já começam a fazer previsões dos desdobramentos desta vitória.
Em Portugal, o periódico Expresso anunciou a vitória de Trump e seu discurso conciliador, prometendo uma América unida. “Aquilo que poucas sondagens e especialistas previam acabou mesmo por acontecer”, diz a principal matéria no site do jornal. O veículo ressalta ainda o fato de Trump ter se referido a Hillary Clinton, em seu discurso de vitória, como a “senhora secretária”, após tê-la apelidado de “crooked [vigarista] Hillary” durante a campanha.
O Público, outro jornal português, afirma que, em uma competição acirrada até o fim, “Donald Trump resistiu às polêmicas e cumpriu o seu imprevisível caminho até a Casa Branca”. O jornal deu destaque ainda ao fato de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, terem enviado um convite para que Trump participe de cúpula entre a União Europeia e os Estados Unidos o quanto antes. “A luta contra o Estado Islâmico, o conflito na Ucrânia, as alterações climáticas, as migrações e o tratado de livre comércio são os temas na agenda”, diz o Público.
O periódico francês Le Figaro informa que o presidente François Hollande falará sobre os resultados da eleição presidencial norte-americana hoje, após reunião do Conselho de Ministros. O jornal destaca que a vitória de Donald Trump trouxe aos britânicos lembranças da manhã de 24 de junho, quando acordaram com a notícia da saída de seu país da União Europeia (UE).
Na imprensa francesa, o Le Monde traz a seguinte pergunta: "que consequências [a eleição de Trump trará] para o resto do mundo"? “Se o voto para o Brexit [a saída do Reino Unido da UE] em 23 de junho foi um terremoto para a União Europeia, a eleição de Donald Trump como chefe dos Estados Unidos, primeira potência militar, é um terremoto para o mundo.”
Jean-Marie Le Pen, político francês de extrema direita, publicou em seu perfil no Twitter: “Os americanos querem @realDonaldTrump o 'presidente do povo'. Hoje, os Estados Unidos. Amanhã, a França. Bravo!”. Le Pen classificou ainda o resultado eleitoral de "um pontapé tremendo na bunda dos sistemas políticos e da mídia francesa e do mundo!”. Em 2017, a França passará por eleições presidenciais e, segundo sondagens, a disputa ficará entre direita e extrema direita. Marine Le Pen, filha de Jean-Marie, é candidata.
Na Espanha, o periódico El País afirma que o republicano surpreendeu o mundo inteiro ao derrotar a democrata Hillary Clinton. “Trump, um populista com um discurso xenófobo e antissistema, quebra os prognósticos das sondagens e conquista uma vitória que leva seu país rumo ao desconhecido”. O jornal afirma ainda que os mercados mundiais e as bolsas de valores foram tomados pelo medo e começaram o dia em queda.
O espanhol El Mundo ressaltou o fato de, ao contrário do que se previa, Hillary não ter conseguido mobilizar a maioria dos votos entre os imigrantes latinos e as mulheres. “A prova mais dilacerante aconteceu na Flórida, o estado que agrupa a maior porcentagem de hispânicos dos Estados Unidos. Acredita-se que os porto-riquenhos, que agora são a comunidade hispânica mais importante da Flórida, à frente dos cubanos (tradicionalmente republicanos), iam dar a vitória à candidata democrata. Mas nada disso aconteceu.”
A inglesa BBC deu destaque à vitória surpreendente de Trump em estados em que os votos oscilam entre republicanos e democratas. “A vitória do candidato republicano chegou a um punhado de Estados oscilantes, apesar de meses de votação que favoreciam Hillary Clinton. Os campos de batalha da Flórida, de Ohio e da Carolina do Norte abriram caminho para sua virada ao estilo 'Brexit'”. Além disso, a BBC ressaltou a queda dos mercados globais do dólar e a subida nos preços do ouro.