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Internacional

Eleição de Trump, Brexit; veja outros fatos marcantes no mundo em 2016

No cenário internacional, o ano foi marcado por uma eleição inédita
Da Agência Brasil
Publicado em 19/12/2016 - 06:58
Brasília
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, adotou discurso conciliador e elogiou Hillary Clinton em seu primeiro discurso após o resultado
© Shawn Thew / EPA / Lusa

No cenário internacional, o ano de 2016 foi marcado por uma eleição inédita nos Estados Unidos (EUA) e pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE). A Agência Brasil elencou alguns dos fatos mais marcantes.

Eleição de Trump

O ano de 2016 foi repleto de acontecimentos marcantes nos Estados Unidos, mas o maior de todos foi a surpreendente eleição para presidente do bilionário Donald Trump, do Partido Republicano, derrotando a candidata democrata Hillary Clinton nas eleições de 8 de novembro.

A eleição de Trump surpreendeu o mundo e os próprios americanos, já que as pesquisas internas indicavam uma possível vitória de Hillary Clinton. Polêmico, acusado de xenófobo, sexista e racista e sem apoio de vários líderes do próprio partido, Trump teve uma campanha recheada de declarações de efeito, muitas contrárias às políticas implementadas pelo presidente Barack Obama. De certo modo, o magnata expressou os anseios de parte da população americana, incomodada com a imigração crescente, a perda de empregos e a fuga de empresas com a globalização. Tanto assim que a vitória de Trump deveu-se, em grande parte, aos votos de estados do outrora próspero cinturão industrial dos EUA, onde houve grande desemprego nos últimos anos, como Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin.

 

Donald Trump discursa no encerramento da convenção do Partido Republicano em Cleveland

Donald Trump fala no encerramento da convenção republicana em Cleveland David Maxwell/Agência Lusa

Agora, as escolhas de Trump para a sua equipe de governo vêm sendo criticadas pela opinião pública e pela imprensa americana.

Cuba e EUA reatam

Antes de deixar a presidência, Barack Obama tornou-se o primeiro presidente dos Estados Unidos a visitar, em maio, Hiroshima, no Japão, cidade devastada por uma bomba nuclear jogada por aviões americanos na 2ª guerra mundial. Ele também reatou as relações diplomáticas com Cuba e foi o primeiro presidente americano - em quase um século - a visitar Havana, em março. A abertura econômica com a ilha também possibilitou que, pela primeira vez em mais de 50 anos, um navio de cruzeiro dos EUA navegasse para Cuba em maio. E, em 27 de setembro, Obama nomeou o primeiro embaixador americano para a ilha.

Fachada da Embaixada dos EUA em Havana, Cuba

Fachada da Embaixada dos EUA em Havana, CubaAgência Lusa/EPA/Ernesto Mastrascusa/Direitos Reservados

Tensões raciais 

Os americanos viram também o acirramento das tensões raciais, que cresceram no país por conta do número cada vez maior de mortes de negros pela polícia, da impunidade dos policiais e da falta de políticas eficazes para acabar com o problema. Tudo isso provocou fortes reações e deu força ao Movimento Black Lives Matter (Vidas de Negros Importam), movimento social focado na luta contra a violência sobre os afroamericanos.

O clima se tornou mais inflamado em julho, com ataques que mataram cinco policiais no Texas e três na Louisiana. O descontentamento da comunidade negra nos EUA não é infundado. Segundo pesquisas, negros têm até três vezes mais chances de serem mortos por policiais do que brancos.

No que se refere a desastres naturais, um destaque foi o Furacão Matthew, que atingiu os estados da Flórida, Geórgia e Carolina do Sul e do Norte em outubro, provocando inundação recorde. Outros problemas que assustam os americanos – massacres e tiroteios provocados por atiradores em escolas e locais públicos – voltaram a se repetir em 2016, fazendo várias vítimas e reacendendo o debate sobre o controle de armas no país.

Brexit 

Este ano, o Reino Unido decidiu sair da União Europeia. A população fez a opção em um referendo no dia 23 de junho deste ano, com 52% dos votos a favor da saída da União Europeia após 43 anos de participação. As nações que integram o Reino Unido são a Inglaterra, a Irlanda do Norte, a Escócia e o País de Gales. O Reino Unido é o primeiro país a decidir sair da União Europeia desde a sua criação. O processo de saída deve demorar dois anos.

Logo após a divulgação do resultado do referendo, o então primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a demissão. Cameron sempre se posicionou a favor da permanência do Reino Unido na UE afirmando que o Brexit (expressão formada pela junção de parte das palavras Britain, de Great Britain, e exit, saída em inglês) poderia trazer graves consequências econômicas para o país.

Com a saída de David Cameron, Theresa May tomou posse como primeira-ministra do Reino Unido. Ela é a segunda mulher a ocupar o cargo, 26 anos após a saída de Margaret Thatcher do posto, e terá a tarefa de conduzir a saída do Reino Unido do bloco. May é conhecida por dizer algumas duras verdades sobre seus colegas e defender fortemente suas posições.

Primeira-ministra britânica, Theresa May, em discurso durante a conferência anual do Partido Conservador, em Birmingham, Reino Unido

Sucessora de David Cameron, Theresa May, segunda mulher a ocupar o posto de primeira-minstra do Reino Unido, 26 anos depois da saída de Margaret Thatcher do cargoFacundo Arrizabalaga/Agência Lusa/direitos reservados


No mês passado, a Suprema Corte britânica decidiu que o governo sozinho não tem poder suficiente para invocar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que regula os passos que um país deve dar para deixar a UE. A Corte decidiu que o Parlamento precisa aprovar o pedido de saída da UE e solicitar a ativação do tratado. O processo foi iniciado após diversas ações serem impetradas na Justiça por grupos pró-UE.

Para aproximadamente 2,9 milhões de pessoas que fizeram suas vidas no Reino Unido nos últimos anos, a preocupação é se terão garantidos seus atuais direitos após o Brexit. 

Sai Ban Ki-moon, entra Guterres

Diante de uma crise migratória sem precedentes que afeta milhões de pessoas, o português António Guterres assumirá o posto de secretário-geral das Nações Unidas (ONU).

Escolhido a partir de um processo sucessório inédito na ONU, Guterres traz na bagagem larga experiência de dez anos como alto-comissário da Agência da ONU para os Refugiados, a Acnur. Ele assumirá o cargo, substituindo o sul-coreano Ban Ki-moon, em 1º de janeiro de 2017. O novo secretário-geral, de 67 anos, foi primeiro-ministro de Portugal, entre 1995 e 2002.

Ban Ki-moon deixará o cargo, após seu segundo mandato de cinco anos. Embora não haja um número limite de mandatos, nenhum dos secretários anteriores permaneceu no cargo por mais de dois mandatos.

Brasília - O Secretário-geral, eleito, da ONU, Antóno Manuel de Oliveira Guterresos durante a abertura da conferência da CPLP (Wilson Dias/Agência Brasil

O português António Guterres foi eleito secretário-geral da ONUWilson Dias/Agência Brasil

Migrações

Quase 7.200 migrantes e refugiados morreram ou desapareceram desde o início deste ano no mundo. O número, registrado até a primeira quinzena de dezembro, representa 20% a mais que em 2015. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), de um total de 7.189, 4.812 morreram ao tentar atravessar o Mar Mediterrâneo para chegar à Itália, Grécia, Chipre e Espanha. É uma média de 20 mortes por dia.


* Com informações dos correspondentes José Romildo (Estados Unidos) e Marieta Cazarré (Portugal)