Eleição de Trump, Brexit; veja outros fatos marcantes no mundo em 2016
No cenário internacional, o ano de 2016 foi marcado por uma eleição inédita nos Estados Unidos (EUA) e pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE). A Agência Brasil elencou alguns dos fatos mais marcantes.
Eleição de Trump
O ano de 2016 foi repleto de acontecimentos marcantes nos Estados Unidos, mas o maior de todos foi a surpreendente eleição para presidente do bilionário Donald Trump, do Partido Republicano, derrotando a candidata democrata Hillary Clinton nas eleições de 8 de novembro.
A eleição de Trump surpreendeu o mundo e os próprios americanos, já que as pesquisas internas indicavam uma possível vitória de Hillary Clinton. Polêmico, acusado de xenófobo, sexista e racista e sem apoio de vários líderes do próprio partido, Trump teve uma campanha recheada de declarações de efeito, muitas contrárias às políticas implementadas pelo presidente Barack Obama. De certo modo, o magnata expressou os anseios de parte da população americana, incomodada com a imigração crescente, a perda de empregos e a fuga de empresas com a globalização. Tanto assim que a vitória de Trump deveu-se, em grande parte, aos votos de estados do outrora próspero cinturão industrial dos EUA, onde houve grande desemprego nos últimos anos, como Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin.
Agora, as escolhas de Trump para a sua equipe de governo vêm sendo criticadas pela opinião pública e pela imprensa americana.
Cuba e EUA reatam
Antes de deixar a presidência, Barack Obama tornou-se o primeiro presidente dos Estados Unidos a visitar, em maio, Hiroshima, no Japão, cidade devastada por uma bomba nuclear jogada por aviões americanos na 2ª guerra mundial. Ele também reatou as relações diplomáticas com Cuba e foi o primeiro presidente americano - em quase um século - a visitar Havana, em março. A abertura econômica com a ilha também possibilitou que, pela primeira vez em mais de 50 anos, um navio de cruzeiro dos EUA navegasse para Cuba em maio. E, em 27 de setembro, Obama nomeou o primeiro embaixador americano para a ilha.
Tensões raciais
Os americanos viram também o acirramento das tensões raciais, que cresceram no país por conta do número cada vez maior de mortes de negros pela polícia, da impunidade dos policiais e da falta de políticas eficazes para acabar com o problema. Tudo isso provocou fortes reações e deu força ao Movimento Black Lives Matter (Vidas de Negros Importam), movimento social focado na luta contra a violência sobre os afroamericanos.
O clima se tornou mais inflamado em julho, com ataques que mataram cinco policiais no Texas e três na Louisiana. O descontentamento da comunidade negra nos EUA não é infundado. Segundo pesquisas, negros têm até três vezes mais chances de serem mortos por policiais do que brancos.
No que se refere a desastres naturais, um destaque foi o Furacão Matthew, que atingiu os estados da Flórida, Geórgia e Carolina do Sul e do Norte em outubro, provocando inundação recorde. Outros problemas que assustam os americanos – massacres e tiroteios provocados por atiradores em escolas e locais públicos – voltaram a se repetir em 2016, fazendo várias vítimas e reacendendo o debate sobre o controle de armas no país.
Brexit
Este ano, o Reino Unido decidiu sair da União Europeia. A população fez a opção em um referendo no dia 23 de junho deste ano, com 52% dos votos a favor da saída da União Europeia após 43 anos de participação. As nações que integram o Reino Unido são a Inglaterra, a Irlanda do Norte, a Escócia e o País de Gales. O Reino Unido é o primeiro país a decidir sair da União Europeia desde a sua criação. O processo de saída deve demorar dois anos.
Logo após a divulgação do resultado do referendo, o então primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a demissão. Cameron sempre se posicionou a favor da permanência do Reino Unido na UE afirmando que o Brexit (expressão formada pela junção de parte das palavras Britain, de Great Britain, e exit, saída em inglês) poderia trazer graves consequências econômicas para o país.
Com a saída de David Cameron, Theresa May tomou posse como primeira-ministra do Reino Unido. Ela é a segunda mulher a ocupar o cargo, 26 anos após a saída de Margaret Thatcher do posto, e terá a tarefa de conduzir a saída do Reino Unido do bloco. May é conhecida por dizer algumas duras verdades sobre seus colegas e defender fortemente suas posições.
No mês passado, a Suprema Corte britânica decidiu que o governo sozinho não tem poder suficiente para invocar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que regula os passos que um país deve dar para deixar a UE. A Corte decidiu que o Parlamento precisa aprovar o pedido de saída da UE e solicitar a ativação do tratado. O processo foi iniciado após diversas ações serem impetradas na Justiça por grupos pró-UE.
Para aproximadamente 2,9 milhões de pessoas que fizeram suas vidas no Reino Unido nos últimos anos, a preocupação é se terão garantidos seus atuais direitos após o Brexit.
Sai Ban Ki-moon, entra Guterres
Diante de uma crise migratória sem precedentes que afeta milhões de pessoas, o português António Guterres assumirá o posto de secretário-geral das Nações Unidas (ONU).
Escolhido a partir de um processo sucessório inédito na ONU, Guterres traz na bagagem larga experiência de dez anos como alto-comissário da Agência da ONU para os Refugiados, a Acnur. Ele assumirá o cargo, substituindo o sul-coreano Ban Ki-moon, em 1º de janeiro de 2017. O novo secretário-geral, de 67 anos, foi primeiro-ministro de Portugal, entre 1995 e 2002.
Ban Ki-moon deixará o cargo, após seu segundo mandato de cinco anos. Embora não haja um número limite de mandatos, nenhum dos secretários anteriores permaneceu no cargo por mais de dois mandatos.
Migrações
Quase 7.200 migrantes e refugiados morreram ou desapareceram desde o início deste ano no mundo. O número, registrado até a primeira quinzena de dezembro, representa 20% a mais que em 2015. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), de um total de 7.189, 4.812 morreram ao tentar atravessar o Mar Mediterrâneo para chegar à Itália, Grécia, Chipre e Espanha. É uma média de 20 mortes por dia.
* Com informações dos correspondentes José Romildo (Estados Unidos) e Marieta Cazarré (Portugal)