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Internacional

UE lamenta saída do Reino Unido do bloco, mas confia em Brexit "cuidadoso"

Da EFE
Publicado em 29/03/2017 - 11:45
Bruxelas (Bélgica)
O embaixador britânico na União Europeia, Tim Barrow (esquerda), entrega a carta que invoca o artigo 50 do Tratado de Lisboa ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em Bruxelas (Bélgica)
© Yves Herman/EFE
El embajador británico ante la Unión Europea, Tim Barrow (izq), entrega la carta que invoca el artículo 50 del Tratado de Lisboa al presidente del Consejo Europeo, Donald Tusk, en Bruselas (Bélgica) hoy, 29 de marzo

O embaixador britânico na União Europeia, Tim Barrow (esquerda), entrega a carta que invoca o artigo 50 do Tratado de Lisboa ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em Bruxelas (Bélgica)Yves Herman/EFE

A União Europeia (UE) lamentou hoje (29) a saída do Reino Unido do bloco, mas se declarou "preparada" para o processo, que se centrará em primeiro lugar nos acordos fundamentais para garantir "uma saída cuidadosa".

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, leu uma declaração do bloco, que informa ter recebido a carta da primeira-ministra britânica, Theresa May, ativando o Brexit e ressaltou que a UE atuará "unida". A prioridade, apontou, será "minimizar a incerteza causada pela decisão do Reino Unido a nossos cidadãos, empresas e Estados-membros".

"Não há razão para achar que é um dia feliz aqui ou em Londres", disse Tusk, visivelmente triste, ressaltando que "a maioria dos europeus e cerca de metade dos britânicos desejavam permanecer juntos".

Ele acrescentou que "paradoxalmente, também existe algo positivo" no Brexit, já que "deixou os 27 [países-membros] mais determinados e unidos do que antes".

O presidente do Conselho disse que acredita que a UE continuará "determinada e unida também no futuro" e nas "difíceis negociações" que surgirão nos próximos meses. Nesse contexto, indicou que ele mesmo e a Comissão Europeia têm o "forte mandato de proteger o interesse dos 27". Tusk afirmou ainda que o processo de negociação consistirá essencialmente em uma "redução de danos" e ressaltou que o objetivo da UE é "diminuir o custo para os cidadãos, empresas e Estados-membros".

Além disso, ressaltou que por enquanto "nada vai mudar" e que, até que o Reino Unido saia da União, o país continuará aplicando a legislação europeia.

Na declaração do Conselho Europeu, o grupo lamenta que Londres "abandone a UE", mas ressalta que o bloco está "preparado para o processo que virá agora".

Segundo ele, para a UE, "o primeiro passo será a adoção das diretrizes" das negociações, que "estabelecerão o conjunto das posições e princípios à luz dos quais a União, representada pela Comissão Europeia, negociará com o Reino Unido". "Por isso, começaremos nos centrando em todos os acordos-chave para uma retirada ordenada", afirma a declaração.

Ele garantiu que a UE fará as conversas de maneira "construtiva" e que se esforçará para achar um acordo. "No futuro, esperamos ter ao Reino Unido como um parceiro próximo", acrescenta.

Trusk lembrou que o Conselho convocou uma cúpula para 29 de abril, na qual serão tratadas as diretrizes negociadoras com o Reino Unido. Nas próximas semanas, esse documento será debatido em diferentes níveis - em reuniões de analistas e ministros, indicaram à Agência Efe fontes europeias.

Reações na Eurocâmara

O presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani, disse que "hoje não é um bom dia" e que a União Europeia (UE) começa "um novo capítulo" com a ativação do artigo 50 do Tratado de Lisboa por parte do Reino Unido, que inicia o processo de negociações para a saída deste país do bloco, sobre o qual a Eurocâmara terá voz e voto.

"O Brexit (saída do Reino Unido da UE) marca um novo capítulo na história da UE. Mas estamos preparados. Seguiremos adiante e confiamos que o Reino Unido continuará sendo um aliado próximo", disse Tajani no Twitter.

O vice-presidente do Parlamento Europeu, o espanhol Ramón Luis Valcárcel, afirmou que "a União Europeia é a melhor solução" para a maioria dos problemas enfrentados pelos países do continente.

Já o líder dos social-democratas na Eurocâmara, o também italiano Gianni Pittella, teve uma reação mais focada na negociação que se aproxima ao afirmar que, "quando alguém sai de sua casa, tem que pagar a conta". "Vamos ver o que o Reino Unido terá que pagar agora", acrescentou o político italiano.

Syed Kamall, líder dos tories britânicos, que integram o bloco dos Conservadores e Reformistas Europeus, a terceira força política da Eurocâmara, afirmou que "agora cabe garantir tanto o futuro da UE como o do Reino Unido".

"Espero que todas as partes envolvidas encarem com calma as negociações, de forma construtiva, e com espírito de cooperação". "Não se trata de ganhadores e perdedores", acrescentou Kamall em comunicado.

A reação mais festiva ficou por conta dos eurodeputados do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP, sigla em inglês) na Eurocâmara, que celebraram com um bolo e velas com o número 50, em alusão à ativação do artigo do Tratado de Lisboa que abre o caminho para a saída do país da União Europeia.