Supremo venezuelano determina prisão de deputado casado com ex-procuradora-geral
O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) determinou, nessa quarta-feira (16), a detenção do deputado Germán Ferrer, marido da ex-procuradora-geral Luisa Ortega. Ele é acusado pelo Ministério Público (MP) de fazer parte de um esquema para extorquir empresários. A informação é da Agência EFE.
"Em conformidade com o disposto no Artigo 116, da Lei Orgânica do Tribunal Supremo de Justiça, declara-se procedente a detenção do cidadão deputado Germán Darío Ferrer", diz a sentença do TSJ, que aceitou o pedido de prisão feito pelo novo procurador-geral, Tarek Saab.
O tribunal decidiu que Ferrer não terá direito a pré-julgamento de mérito, que deve ocorrer antes da abertura de processos contra integrantes de altos cargos, por se tratar de um caso de "crime flagrante". Isso permite à Justiça pular esse passo, no qual são avaliados os motivos para indiciar figuras públicas.
O MP diz ter em seu poder "documentos originais," assinados por Ferrer e outros acusados, que comprovariam a abertura de várias contas nas Bahamas, onde teriam sido depositados até US$ 6 milhões.
Ferrer é um dos ex-deputados do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) que romperam com o presidente Nicolás Maduro e montaram um grupo parlamentar próprio na Câmara.
Sua esposa Luisa Ortega se rebelou há meses contra o governo e o TSJ, entidade que ela acusou de ajudar o Executivo. Luisa foi destituída do cargo em 5 de agosto pela recém-instalada Assembleia Nacional Constituinte, criada pelo chavismo para "refundar" o Estado e "limpar" as instituições.
A residência de Ferrer e Ortega foi alvo de buscas ontem, por agentes do serviço de inteligência (Sebin), que levaram computadores e outros materiais.
A acusação do MP se baseia em denúncia do deputado governista Diosdado Cabello, que acusou Ferrer e o antigo procurador anticorrupção Pedro Lupera de pedirem grande quantidade de dólares em troca da retirada de ações penais contra os extorquidos.
Empresários que trabalhavam na faixa petrolífera do Orinoco - onde se encontram as maiores reservas de petróleo da Venezuela - alertaram que estavam sendo vítimas dessas práticas, segundo Cabello e Saab.
Durante o mandato de Ortega, o MP acusou vários dirigentes de uma empresa petrolífera com participação do Estado venezuelano, depois que encontrou indícios de que os eles aumentaram artificialmente os preços na hora de comprar produtos para a companhia.