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Internacional

Kuczynski afirma que Peru enfrenta "golpe de Estado disfarçado"

Pedido de destituição do presidente peruano será debatido e votado
Da Agência EFE*
Publicado em 21/12/2017 - 06:06
Lima
O presidente eleito do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, pede a união dos peruanos em discurso durante a cerimônia que proclamou oficialmente o resultados das eleições do dia 5 de junho
© Ernesto Arias/EFE/Agência Lusa

O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, afirmou nessa quarta-feira (20) que o país enfrenta "um golpe de Estado disfarçado", com o pedido de sua destituição, que será debatido e votado hoje no Congresso. A informação é da Agência EFE.

"A Constituição e a democracia estão sob ataque. Estamos sob um golpe, sob o disfarce de interpretações legais supostamente legítimas", disse Kuczynski, em mensagem transmitida pela televisão, onde esteve acompanhado pelos vice-presidentes Martín Vizcarra e Mercedes Aráoz.

O pleno do Congresso, dominado pelo partido fujimorista Força Popular, ouvirá a defesa do presidente nesta quinta-feira, diante das acusações de que uma empresa sua recebeu dinheiro da construtora Odebrecht. Em seguida, haverá debate sobre o pedido de destituição por suposta "incapacidade moral permanente".

Kuczynski exigiu do Congresso "respeito pela decisão popular" que o colocou na presidência nas eleições de 2016, com pouco mais de 40 mil votos sobre Keiko Fujimori, a líder da Força Popular.

O governante assegurou que durante sua defesa no Congresso responderá "com clareza pontual" às acusações de que teria se beneficiado com pagamentos da Odebrecht.

A permanência de Kucyznski no cargo foi seriamente questionada depois que, na semana passada, surgiu a denúncia de que uma empresa sua ofereceu serviços de consultoria à construtora brasileira Odebrecht entre 2004 e 2007.

Kuczynski reconheceu que recebeu pagamentos por um contrato de assessoria, assinado pelo seu então sócio Gerardo Sepúlveda com a Odebrecht, quando ele era ministro do governo de Alejandro Toledo.

No entanto, o atual governante assegurou que não tinha conhecimento de que o dinheiro era proveniente desse contrato até que a denúncia fosse feita, na semana passada, pela comissão parlamentar que investiga a Lava Jato no Peru.

O presidente admitiu que cometeu "erros", ao explicar a forma como sua empresa fez esses trabalhos, algo que atribuiu à falta de perícia para se comunicar.

"A verdade é que não sou um bom comunicador, mas sou uma pessoa transparente, alguém que jamais cometeu um ato de corrupção em toda a sua vida", afirmou.

Ele também disse que seus compatriotas "foram testemunhas" da disposição ao diálogo durante seu governo, mas que foi confrontado em todo momento pela "atitude abusiva da maioria opositora que controla o Congresso".

O chefe de Estado disse que se apresentará no Congresso "com a consciência tranquila, firmeza de espírito e fé" nas instituições democráticas, "uma convicção" que, segundo disse, os seus dois vice-presidentes compartilham. Além disso, ele anunciou que nenhum deles "quer ser parte de um governo que nasça de manobras injustas e antidemocráticas".

Se o pedido de destituição for aprovado - necessita de 87 votos favoráveis dos 130 congressistas, a presidência deverá ser assumida por Vizcarra ou, se ele declinar, por Mercedes Aráoz.

Se os dois vices renunciarem, o titular do Congresso, que neste momento é o fujimorista Luis Galarreta, teria que assumir a presidência e convocar de imediato novas eleições gerais, que devem ser realizadas no prazo máximo de um ano.

"Temos que nos defender e eu farei isso com todo o meu esforço. Quero dizer, com todo o meu coração, que se os senhores me apoiarem, sua confiança não será frustrada", afirmou.

O presidente peruano pediu aos congressistas "uma reflexão antes de dar um passo tão destrutivo como o proposto" para esta quinta-feira.

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