Putin chega à Síria e ordena início da retirada das tropas russas
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, chegou hoje (11) à Síria e ordenou o início da retirada das forças russas mobilizadas no país, segundo os meios de comunicação russos. A informação é da agência EFE.
Putin foi recebido na base aérea russa de Hmeimim por várias autoridades, entre eles o presidente sírio, Bashar al Assad, o ministro de Defesa russo, Sergei Shoigu, e o comandante do contingente militar russo no país árabe, Sergei Surovikin.
"Ordeno ao ministro de Defesa e ao chefe do Estado-Maior que procedam com a retirada de um grupo das tropas russas às bases de seu local permanente", disse Putin ao discursar perante os militares, segundo informaram as agências russas.
O chefe do Kremlin afirmou que "ao longo de dois anos e meio, as Forças Armadas da Rússia, junto com o Exército sírio, destruíram os grupos terroristas internacionais mais potentes militarmente". "Por conta disto tomei uma decisão: uma parte significativa do contingente militar russo que se encontra na República Árabe da Síria retorna para casa, para a Rússia".
Putin advertiu, no entanto, que "se os terroristas levantarem a cabeça de novo, lhes atingiremos de tal forma como nunca viram".
Em março de 2016, o presidente russo já havia anunciado a retirada de uma parte das forças russas enviadas à Síria para apoiar Assad, ao constatar a melhoria da situação na guerra contra o Estado Islâmico e outros grupos que lutam contra Damasco.
Revista às tropas
Putin e Assad passaram em revista as tropas na base aérea de Hamimim, na província litorânea síria de Latakia, segundo comunicado da Presidência síria.O ministro russo de Defesa e o chefe do Estado Maior sírio, Ali Ayub, acompanharam o evento.
A visita surpresa de Putin à Síria foi informada apenas depois que ele já havia deixado o país, quando ele chegava ao Egito para uma visita anunciada de antemão. Foi a primeira visita de Putin a território sírio desde o início do conflito no país, em março de 2011. Já Bashar al Assad havia visitado a Rússia em duas ocasiões recentes, a última há 20 dias.
A Rússia é um dos principais aliados internacionais do governo de Damasco e desde 30 de setembro de 2015 desenvolve uma campanha de bombardeios no país árabe, em apoio do Exército nacional. A base área de Hamimim é usada pela aviação russa para lançar seus ataques no resto do território sírio.
Negociação com rebeldes
Os Estados Unidos e a Rússia estão negociando diretamente com os rebeldes sobre uma hipotética transição na Síria. As partes ainda não chegaram a um acordo sobre o futuro do presidente sírio, segundo o dirigente opositor Abu Zuheir al Shami afirmou hoje à EFE.
O líder da Sala de Operações de Damasco e do Exército Livre Sírio (ELS) explicou pela internet que "as verdadeiras negociações sobre o futuro da Síria estão se desenvolvendo in loco, longe de Genebra".
Shami relatou que nos últimos dias houve contatos entre representantes russos e americanos e líderes da oposição armada para preparar a conferência de Sochi, proposta por Moscou e cuja data ainda não foi definida, embora se espera que aconteça no final de dezembro.
O dirigente opositor reforçou que a oposição rejeita "categoricamente" que Assad continue no poder e que desempenhe qualquer papel no futuro da Síria.
Foi proposto que a liderança do período de transição fosse feita pelo diretor da Segurança Nacional da Síria (serviços secretos), Ali Mamluk, mas os rebeldes rejeitam porque "não queremos alguém que tenha as mãos manchadas de sangue", disse Shami.
Shami destacou que, após esta negativa, "os russos buscaram um substituto que a oposição respeite e propuseram Faruk al Chara (vice-presidente sírio) como líder da fase transitória", o que foi aceito pelos opositores.
No entanto, o dirigente do ELS apontou que as conversas agora estão bloqueadas porque Rússia e Irã exigem que os rebeldes entreguem as armas para iniciar uma transição encabeçada por Chara e realizar, ao final de seis meses, eleições presidenciais "nas quais Assad poderá apresentar-se como candidato".
"Como vou entregar as armas para que depois Assad possa ser reeleito ao final de seis meses como candidato nas presidenciais?", questionou.
Em consequência, Shami transmitiu aos russos sua recusa a aceitar este plano e espera uma resposta por parte de Moscou, embora não tenha esperanças de que seja positiva. "Assim não iremos a Sochi, tem que haver uma proposta diferente", antecipou Shami.
Estes contatos coincidem com a oitava rodada de conversas em Genebra, promovidas pela ONU e que ficou paralisada há pouco mais de uma semana pela saída da delegação do governo de Damasco, em protesto pela exigência da oposição de que Assad deve sair do poder.
Havia uma viagem da equipe negociadora do Executivo sírio prevista para ontem (10) na Suíça, para retomar o diálogo, que havia sido anunciada pelo Ministério de Relações Exteriores sírio no último dia 7.
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