Grupo bipartidário apresenta novo plano migratório no Congresso dos EUA
Um grupo bipartidário de 48 legisladores da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos apresentou nesta segunda-feira (29) uma nova proposta para resolver o problema migratório no país, apesar de a Casa Branca já ter delineado o seu plano, muito mais conservador do que o que vinha sendo discutido nos últimos meses no Senado. A informação é da agência EFE.
O grupo, com igual presença de democratas e republicanos, pede que se inclua um esquema de segurança fronteiriça no próximo acordo orçamentário de longo prazo que deve ser votado no Congresso e que se busque um caminho para a cidadania aos jovens imigrantes irregulares que chegaram durante a infância nos EUA, conhecidos como "dreamers" ("sonhadores").
Os 48 legisladores que fizeram a proposta trabalharam meses para encontrar uma solução para o Programa de Ação Diferida (Daca), promovido pelo ex-presidente Barack Obama e que protegia os "dreamers" da deportação, uma medida que o atual governante, Donald Trump, decidiu encerrar em 5 de março. O Daca acabou virando moeda de troca - o presidente Donald Trump promete mantê-lo somente se a construção do muro na fronteira do México não for impedida pela oposição democrata.
A proposta dos legisladores se assemelha à oferta planejada pelo conhecido "Grupo dos Seis", três senadores republicanos e três senadores democratas, cujo plano chegou a ser ouvido por Trump, mas acabou fracassando pelas pressões dos ultraconservadores dentro da Casa Branca. No acordo, os "sonhadores" poderiam obter um caminho para a cidadania, desde que não tenham antecedentes penais e paguem seus impostos.
Muro com o México
Quanto à segurança fronteiriça, o projeto de lei dotaria US$ 1,6 bilhão para a construção do muro com o México, e outros US$ 1,1 bilhão para outros itens de segurança fronteiriça, como recursos tecnológicos. Além disso, também financiaria as estradas de acesso fronteiriço e o pessoal da guarda, além de autorizar um estudo sobre a adição de tarifas para atividades relacionadas com o cruzamento da fronteira, e o montante arrecadado poderia depois ser gasto em mais segurança.
Para responder aos outros dois "pilares" exigidos pela Casa Branca - encerrar a loteria de vistos e reduzir o reagrupamento familiar de imigrantes - o projeto eliminaria a loteria, mas criaria um novo tipo de visto baseada no mérito para países subrepresentados nos EUA, com requisitos de educação, trabalho e domínio do idioma.
Assim como a proposta do "Grupo dos Seis", uma parte desses vistos também seria destinada inicialmente para permitir que os beneficiados pelo Status de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês) permaneçam nos EUA depois que a administração Trump acabar com essas proteções.
O projeto de lei também evitaria que os pais que levaram ilegalmente seus filhos aos Estados Unidos sejam patrocinados pelos mesmos uma vez que estes se transformem em cidadãos, mas lhes concederia licenças de trabalho legais renováveis a cada três anos para permanecerem no país, ainda que sem acesso à cidadania.
O governo Trump apresentou na semana passada a sua própria proposta, que ofereceria um caminho para a cidadania para quase 2 milhões de imigrantes irregulares, mas que contém uma série de mudanças radicais em matéria migratória que foram duramente criticadas pelos democratas e por alguns republicanos moderados.