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Internacional

Ofensiva na Síria repercute no Congresso norte-americano

Leandra Felipe - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 14/04/2018 - 09:07
Atlanta (Estados Unidos)

Na política interna norte-americana, representantes dos dois partidos majoritários – republicanos e democratas – reagiram ao ataque aéreo lançado pelos Estados Unidos, em conjunto com a França e o Reino Unido, sobre alvos sírios com potencial químico. De modo geral, democratas questionaram o modus operandi escolhido pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e o fato de a decisão ter sido tomada antes de passar por uma consulta ao Congresso. Os republicanos, entretanto, mostraram-se mais favoráveis.

O líder da minoria no Senado, o democrata Chuck Schumer, afirmou no Twitter que vê de maneira positiva um ataque para punir e impedir que o governo sírio use armas químicas, mas demostrou receio com o agravamento da situação. "Uma ação pontual e limitada para punir e impedir que Assad [presidente sírio, Bashar Al Assad] faça isso novamente é apropriada, mas a administração precisa tomar cuidado para não nos levar a uma guerra maior e mais complicada na Síria", ponderou.

A deputada Nancy Pelosi, líder democrata na Câmara de Representantes (órgão similar à Câmara dos Deputados brasileira), uma crítica ferrenha da gestão Trump, foi menos receptiva. Também na rede social Twitter, afirmou que, embora "o mais recente ataque de armas químicas contra o povo sírio" tenha sido "um crime de guerra brutalmente desumano", uma "noite de ataques aéreos não substitui uma estratégia coerente".

Muitos republicanos elogiaram a ação conjunta, respaldando a decisão de um ataque como resposta ao suposto uso de armas químicas pelo regime de Assad. O Partido Republicano escreveu no Twitter que a "barbárie de Assad não pode mais ser tolerada", e que Estados Unidos e seus aliados atacaram em consequência às ações do governo sírio. Até mesmo republicanos críticos da gestão Trump reagiram de maneira positiva. O senador John McCain, um dos nomes eloquentes do partido, que lutou contra a extinção do Obamacare (sistema de saúde criado pelo governo Obama) recentemente, elogiou o ataque.

"Aplaudo o presidente por tomar uma atitude militar contra o regime de Assad e estou agradecido aos britânicos e franceses por entrarem conosco em ação", afirmou na sua conta no Twitter.

Consulta ao Congresso

Vários democratas questionaram a legalidade do ataque, uma vez que o Congresso dos Estados Unidos não foi consultado.  O senador Tim Kaine, da Virgínia, afirmou que "a decisão de Trump de lançar ataques aéreos contra a Síria sem a aprovação do Congresso é ilegal". E completou no Twitter: "Precisamos parar de dar aos presidentes um cheque em branco para travar uma guerra. Hoje é a Síria, mas o que o impedirá de bombardear o Irã ou a Coreia do Norte depois?"

Os republicanos, entretanto, divergiram. O deputado Thomas Massie, do Kentucky, afirmou que a consulta não é necessária. "Eu não li a Constituição da França ou da Grã-Bretanha, mas li a nossa e lá fala da autoridade presidencial para atacar a Síria."

De um modo geral, parlamentares de ambos os partidos afirmaram que a decisão tem respaldo constitucional, uma vez que a última atualização sobre o tema, de 2001, concede ao presidente autoridade para usar a força militar sem aprovação do Congresso.