Argentina tem dia de expectativa no mercado financeiro
A Argentina vive um dia de expectativa hoje (15). O país está de olho na reação do mercado financeiro ao aumento das taxas de juros de referência, para 40%, e à decisão do presidente Mauricio Macri de recorrer a um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI). As duas medidas foram tomadas apos a disparada do dólar, no inicio do mês, para conter a saída de capitais e a desvalorização do peso. Essa estratégia será colocada à prova nesta terça-feira (15), quando vencem aplicações de 645 bilhões de pesos em Letras do Banco Central argentino (Lebac).
O dólar funciona no país como um termômetro para medir o nível de confiança na economia – tanto dos mercados, quanto de boa parte da população, acostumada a poupar em moeda norte-americana, para se proteger de eventuais crises e da inflação. A decisão dos Estados Unidos de elevar a taxa de juros levou um grupo de investidores – entre eles empresas estrangeiras - a optar por não renovar suas aplicações em Lebac. “Muitos preferiram transferir o dinheiro para o mercado norte-americano, agora que o rendimento aumentou”, disse o economista Alan Cibils, da Universidade Nacional de General Sarmiento. “Paga menos do que a Argentina, mas é mais estável”.
Para tentar reter esses investidores, o Banco Central aumentou as taxas de juros três vezes nas duas últimas semanas. O governo pediu apoio financeiro ao FMI, que está negociando uma linha de crédito stand by, a juros mais baixos que os de mercado – a primeira em 13 anos. Segundo Macri, a Argentina está entre os países que mais dependem de financiamento externo e essa foi a melhor saída para superar este momento difícil. Mas a maioria dos argentinos associa o Fundo a ajustes e apertos.
Na segunda-feira (14), Macri recebeu o apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem conversou por telefone durante dez minutos, e também do governo alemão. À tarde, o presidente se reuniu com os líderes das principais bancadas no Senado. O ministro da Fazenda, Nicolas Dujovne, admitiu que a “Argentina terá um pouco menos de crescimento econômico e um pouco mais de inflação”. O índice inflacionário no país gira em torno de 20% ao ano – e uma das promessas que Macri fez na campanha - e ainda não conseguiu cumprir - foi reduzi-lo.