logo Agência Brasil
Internacional

Famílias coreanas separadas pela guerra se reúnem pelo segundo dia

Agência EFE
Publicado em 21/08/2018 - 09:12
Seul
Agência EFE

Familiares separados pela guerra da Coreia, o conflito civil travado entre Norte e Sul há quase sete décadas, voltaram a se ver nesta terça-feira (21), em ambiente privado no qual, pela primeira vez nesses encontros, puderam lanchar a sós.

O grupo, de 89 sul-coreanos, que viajou ontem à Coreia do Norte para se reunir com 185 parentes, recebeu hoje a visita, no hotel em que estão hospedados, de seus entes queridos, por volta das 10h locais (22h de segunda-feira em Brasília). Eles receberam presentes como ginseng e cosméticos, segundo o relato da imprensa local que acompanha os encontros.

Os familiares, que não se viam desde a separação durante a Guerra da Coreia (1950-53), lancharam juntos nos quartos, a sós, pela primeira vez nos 18 anos em que reuniões desse tipo vêm sendo realizadas. A privacidade deixou os participantes satisfeitos. "Me senti mais livre e melhor", disse Lee Young-boo, uma sul-coreana de 76 anos que viajou para se reunir com dois sobrinhos e uma sobrinha.

Os familiares, que se reencontraram nessa segunda-feira em um hotel do Monte Kumgang, no litoral sudeste norte-coreano, mantiveram outra reunião em grupo no período da tarde.

Kim Byeong-oh, um sul-coreano de 88 anos, disse, segurando as mãos da sua irmã Sun-ok, de 81 anos: "É bonita, não é?", enquanto ela lamentou que "a paz deve chegar rápido, mas o muro é alto demais".

"Te amo", disse em repetidas ocasiões Kim Hye-ja, de 75 anos, à sua irmã norte-coreana Eun-ha, acrescentando que se sentia "como em um sonho". "Quero ficar com você. Não quero deixar você ir outra vez", disse Kim à sua irmã.

Amanhã, quando terminará a primeira rodada de reuniões, os familiares terão outra oportunidade de se verem em grupo e lanchar antes de retornar à Coreia do Sul. A expectativa da despedida fez com que alguns manifestassem frustração, sabendo que esta poderá ser a última vez que se encontram com os parentes do Norte.

"Me sinto mal de pensar em me despedir novamente, depois de nos reunirmos pela primeira vez em 70 anos", disse Park Ki-dong, que se encontrou com seu irmão e sua irmã.

A maioria dos sul-coreanos presentes aos encontros desta semana tem entre 70 e 80 anos. A mais velha é uma mulher de 101 anos, chamada Baik Sung-gyu, segundo dados do Ministério de Unificação de Seul.

Um segundo grupo, com mais de 300 sul-coreanos, viajará no fim de semana ao Norte para reencontrar, entre quinta-feira (30) e domingo (2), 83 familiares que ficaram na faixa norte do paralelo 38.

As duas Coreias organizaram 20 rodadas de encontros no total, entre familiares separados nos últimos 18 anos, dos quais participaram aproximadamente 20 mil coreanos.

A realização desses encontros sempre coincidiu com fases de reaproximação entre os dois países, que seguem tecnicamente em guerra, já que o conflito terminou com um armistício que nunca foi substituído por um tratado de paz.