Congresso espanhol aprova exumação de restos mortais do ditador Franco
O Congresso dos Deputados da Espanha aprovou hoje (13) o decreto que permitirá exumar os restos mortais do ditador Francisco Franco (1892-1975) enterrado no Vale dos Caídos, monumento que ele mesmo mandou construir.
A maioria dos deputados revalidou o decreto aprovado previamente pelo governo do socialista Pedro Sánchez, embora tanto o conservador Partido Popular (PP) como o Ciudadanos (liberais) se abstiveram na votação.
Além disso, o Congresso aprovou que o decreto seja tramitado como projeto de lei, o que permitirá propor emendas ao texto, tal como querem alguns grupos que hoje apoiam o governo.
Em defesa do decreto-lei, a vice-presidente Carmen Calvo alertou que não haverá "paz sem Justiça" enquanto se mantiver a "atroz anomalia" que representa o fato de o ditador estar enterrado junto com suas vítimas, ao mesmo tempo que criticou PP e Ciudadanos por "olhar para o lado" quando o assunto é a ditadura.
Por outro lado, PP e Ciudadanos criticaram que a exumação de Franco seja feita por decreto, já que não é uma questão urgente, depois de 43 anos enterrado no Vale dos Caídos.
Eles acusaram Sánchez de usar esse assunto como uma "cortina de fumaça" para tapar sua incompetência e sua fraqueza no Parlamento, já que os socialistas contam com 84 cadeiras das 350 da Câmara.
Os deputados que apoiaram o decreto de exumação romperam em aplausos após a votação e dirigiram seus olhares para a tribuna de convidados, na qual acompanhavam o debate vítimas da ditadura e o hispanista e historiador irlandês Ian Gibson.
A exumação do ditador, que governou a Espanha de 1939 a 1975 após uma guerra civil (1936-1939), é polêmica entre os que consideram que é uma mostra de reconhecimento da memória histórica e os que pensam que abre velhas feridas, atrapalhando a reconciliação nacional.