Diálogo proporcionou acordo entre Peru e Equador, diz Aloysio Nunes
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, afimou hoje (16), na cerimônia comemorativa dos 20 anos do acordo de paz entre Equador e Peru, que o tratado representou “um grande feito diplomático, uma vitória do diálogo e do apego à paz”.
Aloysio Nunes lembrou que o Brasil sempre esteve à frente das negociações e alianças de países latino-americanos em busca do fim dos conflitos na fronteira entre Peru e Equador, assim como na coordenação da missão militar que foi designada para colaborar com o reestabelecimento da paz na região. A comissão esteve sob coordenação brasileira durante cinco anos.
O acordo assinado, em 26 de outubro de 1998, em Brasília colocou fim a disputas territoriais que se prolongaram por 57 anos, resultando, inclusive, em dois confrontos armados e na existência de uma área minada na região.
“Foi um processo demorado, bem-sucedido, no qual o Brasil pode cumprir uma missão que consideramos nossa: de ser não só um país pacifico mas promotor da paz”, disse o chanceler.
Dificuldades
Aloysio Nunes destacou ainda que a consolidação prática do acordo foi um processo difícil, mas que revelou a importância do diálogo e da negociação “em um mundo em que a ameaça de intervenção militar é fator de perturbação da paz mundial e de aumento da tensão no mundo”.
Segundo o ministro, a celebração do acordo é uma forma de manter viva a memória da região, mas também de “não deixar que [esses fatos] caiam em esquecimento e tirar deles os ensinamentos para o futuro”.
Ex-chanceleres
Os ex-chanceleres do Equador José Ayala Lasso e do Peru Fernando de Trazegnies Granda, que também participaram das negociações há duas décadas, participaram da cerimônia desta terça-feira e exaltaram o papel da diplomacia brasileira na construção da aliança.
Granda, que comandou a delegação do Peru ao longo das reuniões de negociação, afirmou que a ajuda brasileira foi indispensável para o alcance da paz com o Equador. “O Brasil foi o irmão maior que ajudou a encontrar a paz fraternal entre nossos países”, disse.
Histórico
Brasil, Chile, Argentina e Estados Unidos foram os chamados países garantes, que mediaram as negociações para que a área disputada entre os dois países, com extensão de 78 quilômetros ao longo da fronteira, fosse transformada em dois parques ecológicos, devidamente demarcados e com espaço para a construção de dois monumentos históricos.
O tratado foi assinado na presença dos então presidentes Fernando Henrique Cardoso, do Brasil, Jamil Mahuad, do Equador, e Alberto Fujimori, do Peru.
“Celebrar a paz é algo extremamente positivo, é na paz que se desenvolvem todas as atividades humanas. Na paz, tudo é possível, e fora dela nada é possível”, disse Lasso. O equatoriano agradeceu o empenho brasileiro nas negociações e afirmou que “quem trabalha pela paz, em consequência, merece respeito e gratidão”. Lasso destacou ainda a dificuldade de construção da paz entre países acostumados a conviver com zonas de conflito.
Diplomatas que participaram das negociações de paz, militares que integraram a Missão de Observadores Militares Equador-Peru (Momep) e acadêmicos também compareceram ao evento de hoje.