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Internacional

Estudo revela que até 3% da camada de ozônio é recuperada por década

Agência EFE
Publicado em 05/11/2018 - 16:08
Quito
Agência EFE

A avaliação científica mais recente do esgotamento da camada de ozônio indica que a capa composta por gás O3 consegue se recuperar de 1% a 3% a cada dez anos e que as ações empreendidas no âmbito do Protocolo de Montreal (1987) podem ajudar a restabelecer esse escudo de proteção vital até 2060.

"As conclusões do relatório confirmam que as medidas adotadas em virtude do tratado internacional geraram reduções de longo prazo na abundância atmosférica das substâncias controladas que destroem a camada de ozônio e a contínua recuperação do ozônio estratosférico", aponta um comunicado divulgado pela ONU Meio Ambiente e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Os resultados desta revisão quadrienal, realizada pelo Painel de Avaliação Científica do Protocolo de Montreal, serão apresentados a partir de hoje (5) na 30ª reunião dos signatários deste acordo, que será realizada até sexta-feira (9) em Quito, no Equador.

"A evidência apresentada pelos autores mostra que em partes da estratosfera a camada de ozônio se recuperou de 1% e 3% por década desde o ano 2000", afirma o comunicado.

Conforme o texto, segundo as taxas projetadas, o Hemisfério Norte e o ozônio de latitudes médias estarão completamente recuperados até 2030, seguidos do Hemisfério Sul até 2050 e das regiões polares em 2060.

Proteção

A camada de ozônio protege a vida na Terra dos raios ultravioletas e sua conservação é o principal objetivo da Convenção de Viena de 1985, ratificada por 197 Estados. O Protocolo de Montreal é um pacto para reduzir o uso daquelas substâncias que consomem a camada de ozônio, gases contaminantes que aceleram o aquecimento global e a mudança climática.

"O Protocolo de Montreal é um dos acordos multilaterais mais bem-sucedidos da história por uma razão: sua cuidadosa combinação entre ciência e ação colaborativa estabelecida para curar nossa camada de ozônio", afirma Erik Solheim, diretor-executivo de ONU Meio Ambiente.

Emenda de Kigali

A avaliação científica, dizem os autores do estudo, oferece uma visão do papel que o Protocolo deve ter nas próximas décadas, quando serão cumpridos os prazos para que certos produtos deixem de ser usados e entrará em vigor a Emenda de Kigali, aprovada em 2016.

Ratificada até agora por 58 países, esta emenda, que passará a valer em 1º de janeiro de 2019, requer que os países reduzam a produção e o consumo projetado de hidrofluorocarbonetos (HFC) em mais de 80% nos próximos 30 anos.

Para os autores da avaliação "é possível evitar até 0,5°C de aquecimento global neste século através da implantação da emenda". Além disso, os estudiosos reafirmam a "importância crucial" dos esforços para manter o aumento da temperatura global abaixo dos 2°C.

O cientista americano David Fahey, co-presidente do Painel de Avaliação Científica do Protocolo de Montreal, indica que os resultados do último estudo "ressaltam a importância de um monitoramento contínuo dos HFC na atmosfera no longo prazo à medida que a Emenda de Kigali comece a se firmar".

Painel intergovernamental

As avaliações foram divulgadas depois do lançamento de um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), que concluiu que "só restam 12 anos para limitar o aquecimento global em 1,5°C" e que um maior aumento nas temperaturas do planeta causará "um impacto cada vez mais extremo na vida humana e nos ecossistemas", conforme o mesmo comunicado.

"As emissões de dióxido de carbono ainda são, de longe, os gases do efeito estufa que mais impulsionam o aquecimento global. Mas podemos ajudar a enfrentar a mudança climática ao reduzir outros gases, incluídos os HFC. Toda contribuição é importante", afirmou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, antes do encontro em Quito.