Procurador pede pena de morte para acusados da morte de Khashoggi
O procurador-geral da Arábia Saudita, Saud al-Mojeb, anunciou hoje (15) quinta-feira que pediu pena de morte para cinco pessoas que confessaram participação no assassinato, em 2 de outubro, do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul. Ele apresentou acusações contra outros seis envolvidos e assegurou que o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, não estava a par do crime.
O procurador acusou o subdiretor dos serviços secretos do reino, Ahmad Asiry, de organizar a operação, que tinha como objetivo "devolver" Khashoggi à Arábia Saudita, e afirmou que a ordem do assassinato partiu do chefe da delegação enviada à Turquia, cujo nome não citou.
Al-Mojeb disse, em entrevista coletiva, que o príncipe foi informado do caso por meio de relatórios "falsos" apresentados pelos agentes responsáveis da operação e "pelos veículos de imprensa".
A operação foi organizada com informações facilitadas por um "ex-consultor", que acusou Khashoggi de manter "relações com organizações estrangeiras inimigas do reino", acrescentou o procurador.
Colaborador
O Ministério Público apresentou acusações contra 11 suspeitos de participar da operação e pediu pena de morte para cinco deles, que confessaram ter participado no assassinato.
O procurador-geral ratificou a teoria já expressada há algumas semanas, ao explicar que aconteceu uma "briga" entre os agentes e Khashoggi no consulado, e então os suspeitos lhe injetaram uma "dose grande de um sonífero", o que produziu sua morte.
"Depois de assassiná-lo, o corpo foi cortado em pedaços pelos assassinos e levado para fora do consulado", afirmou o procurador-geral.
Um dos cúmplices entregou o corpo do jornalista a um "colaborador turco", que se desfez dos restos posteriormente.
O procurador acrescentou que foi realizado um retrato-falado desse colaborador, segundo as descrições da pessoa que lhe entregou o corpo, e dividiu essas informações às autoridades turcas.
Segundo o procurador, a Arábia Saudita solicitou mais informações às autoridades turcas para prosseguir com as investigações.
Turquia
As declarações da procuradoria da Arábia Saudita, que especifica detalhes do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul, são "insatisfatórias", segundo declarou nesta quinta-feira o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavusoglu.
"Quero dizer que considero algumas das declarações (da promotoria) insatisfatórias", disse o chefe da diplomacia turca à agência "Anadolu".
Çavusoglu expôs hoje vários pontos que considerava contraditórios e insistiu que tudo se tratou de um assassinato premeditado e planejado.